A crise provocada pelo coronavírus travou esse crescimento, adiando os planos para abrir o futebol alemão ao investimento estrangeiro como parte da estratégia para aumentar a concorrência interna
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Por detrás do anúncio da decisão do regresso do futebol alemão aos relvados a 9 de maio está aquele que foi considerado recentemente o homem mais poderoso do futebol germânico: Christian Seifert, diretor executivo da Deutsche Fussball Liga desde 2005. Nascido a 8 de maio de 1969 e prestes a completar 51 anos, ao contrário do que acontece com uma boa parte dos principais dirigentes europeus Seifert não tem um passado ligado ao futebol, a não ser como adepto fervoroso do Borussia Monchengladbach.
A paixão começou cedo, no Wildpark Stadium, numa tarde de maio, poucos dias depois de ter celebrado o 11º aniversário. "Fui lá que vi o primeiro jogo do Borussia ao vivo. Lothar Matthaus marcou um golo a uma distância de 40 metros", costuma contar com o orgulho de quem não tem reservas no momento de assumir a preferência clubística. "Não vejo qual é o interesse de fingir que não sou adepto de um clube, nem em que medida isso influencia o meu trabalho". Apesar da paixão pelo jogo, Seifert chegou à DFL pela porta do negócio. Estudou ciências da comunicação, marketing e sociologia na Universidade de Essen e, antes de assumir as rédeas da Bundesliga, fez carreira na área da comunicação.
Trabalhou na MGM MediaGroupe, foi diretor de marketing para a Europa Central da MTV e, finalmente, diretor executivo da KarstadtQuelle New Media. Foi nessa condição que adquiriu a DSF (Deutsche Sportfernsehen), atualmente Sport1, bem como os direitos do Mundial de 2006. Desde que assumiu o cargo de diretor-executivo da DFL, é o responsável pelo planeamento estratégico da Bundesliga que, sob a sua orientação cresceu seis vezes mais depressa do que a economia alemã ao longo da última década, com um aumento de receitas anual na ordem dos oito por cento.
A crise provocada pelo coronavírus travou esse crescimento, adiando os planos para abrir o futebol alemão ao investimento estrangeiro como parte da estratégia para aumentar a concorrência interna (o Bayern Munique é campeão há sete anos consecutivos) e concorrer olhos nos olhos com a Premier League e LaLiga, mas Seifert também vê nele uma oportunidade. Com o apoio do governo e com uma situação sanitária menos dramática que os concorrentes, o futebol alemão pode ser o primeiro a voltar aos relvados, diminuindo o impacto económico da crise nos clubes germânicos e aumentando exponencialmente a sua exposição televisiva numa altura em que não há mais futebol para ver.