<strong>O JOGO - 35 ANOS || 2001 || A VÉNIA DE JAIME PACHECO </strong><strong>- </strong>Pico de glória para o Boavista, que se torna o quinto clube a deter um título da I Divisão Nacional de futebol. Jaime Pacheco, o treinador-herói desse momento, recorda um dos seus mestres
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Estamos nos idos anos 1960 quando, proveniente de Guimarães onde nasceu, António Maria da Silva Pereira, que todos conheceriam por Ricoca no futebol, chegou a Lordelo, ainda jovem, para jogar futebol no Aliados, clube histórico daquela freguesia de Paredes.
Jaime Pacheco evoca aquele que considera uma espécie de coronel dos treinadores, homem respeitado
Foi lá que assentou arraiais, foi lá que conheceu a mulher com quem viria a casar e onde ganhou fama, prestígio e reconhecimento como treinador das camadas jovens, deixando um legado que ainda hoje é elogiado e recordado com saudade.
Foi treinador da formação de vários emblemas da região do Vale do Sousa, como o Aliados e o vizinho Rebordosa, onde viria a orientar o jovem Jaime, que trabalhava na fábrica de móveis do pai, depois de ter feito a sexta classe.
"Por incrível que pareça, tanto eu como ele, tínhamos uma ligação grande ao Aliados. Mas como na altura ele treinava o Rebordosa eu fui para lá jogar por causa dele, quando comecei com 16 anos", conta Jaime Pacheco.
Ricoca treinou-o durante um ano e meio. "Era uma espécie de Feliciano ali da zona", antigo internacional português que se notabilizou como coordenador das camadas jovens azuis e brancas, treinando Fernando Gomes, Rui Barros ou João Pinto.
"Todos nós, jogadores treinados pelo senhor Ricoca, sabemos que se ele não fosse tão bom nós não tínhamos sido quem fomos, porque ele era de facto um homem que desenvolvia as capacidades e as qualidades mesmo daqueles que quase não as tinham. Sabia muito de futebol, sabia como fazer crescer o atleta, perceber em que posição poderia ser melhor e assim tirar o máximo das suas capacidades."
Jaime Pacheco recorda-o como um homem dono de "um forte caráter, extrovertido, de grande personalidade". "Era uma espécie de coronel dos treinadores, muito respeitado, extrovertido e acima de tudo muito poderoso, tinha uma presença de comandante, uma voz altiva, de quem estava ali para comandar e o fazia naturalmente. E era de uma enorme exigência para a época, conseguia fazer-nos ir sempre além dos nossos limites, muito mais além do que aquilo que pensávamos que podíamos chegar", conta o antigo internacional português, campeão nacional, europeu e mundial pelo FC Porto e que, como treinador, ousou derrubar a ditadura dos três grandes, sagrando-se campeão nacional a dirigir o Boavista.
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