Ainda não existe uma vacina para a covid-19 e o desenvolvimento não se estima breve. E, portanto, há a probabilidade de o coronavírus voltar a infetar em massa, depois desta primeira onda, ou então de se tornar num vírus sazonal, como a gripe.
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Kim Woo-joo,médico no Hospital Universitário Guro, da Universidade da Coreia do Sul, apontou três cenários para o desenvolvimento da covid-19 ao redor do mundo. As previsões do especialista não são muito animadoras e a descoberta de uma vacina pode estar muito longe de se concretizar.
"A covid-19 é similar ao SARS. Se todos os países trabalharem juntos pode conseguir-se que isto acabe em julho ou agosto deste ano. Esse seria o melhor cenário. E para que não volte a infetar a população humana outra vez, o que é possível. E quando poderá isso acontecer? Bem, não é tão provável como o SARS, portanto talvez haja 10% de probabilidade, talvez menos. Em 2003 [época em que o SARS foi letal], viajar internacionalmente não era tão frequente, agora pode-se dizer que o mundo praticamente não tem fronteiras", começou por dizer ao canal de Youtube "Asian Boss Español".
"O segundo cenário seria que permaneça até ao verão e desapareça no hemisfério norte. Mas continuaria no hemisfério sul, onde seria inverno na Austrália, África do Sul, América do Sul... E depois voltaria ao hemisfério norte em novembro ou dezembro. Seria sazonal, como a gripe. Podia ter um ciclo regular", explicou Kim Woo-joo.
O terceiro cenário apontado prende-se com a descoberta de uma vacina que erradicasse de vez o coronavírus. No entanto, essa é a previsão "mais ambiciosa e difícil de alcançar". "O último cenário seria que desenvolvêssemos uma vacina e vacinássemos toda a raça humana. Em 1980, a varíola desapareceu da face da terra graças a uma vacina. Se encontrarmos uma vacina muito eficaz isto pode não voltar a acontecer. É possível, mas é o cenário mais ambicioso e difícil de alcançar", afirmou.
Mas e quanto tempo será preciso para desenvolver a vacina? O clínico não antevê que a cura chegue em breve. "Inventar uma vacina para um novo vírus, normalmente demora 10 a 15 anos. E custaria mais de 800 milhões de dólares. A covid-19 não tem sequer 100 dias, só passaram dois meses desde que conhecemos o seu ADN. E quando desenvolvida, demoraria 18 meses a poder ser distribuída, se tudo corresse perfeitamente", alertou.
Além do problema da demora na descoberta, Kim Woo-joo aponta outro problema. "E se os EUA ou a China desenvolverem uma vacina vão partilhá-la com o resto do mundo? A população dos EUA não é de 320 milhões? Isso é muita gente. Seria impossível vacinar toda a gente ao mesmo tempo, seria preciso definir prioridades. Portanto, pessoas saudáveis, adolescentes, provavelmente não conseguiriam uma", finalizou.
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