"Pinto da Costa será sempre eterno, pela obra que deixa no FC Porto e no futebol português"
FORA DE JOGO - Entrevista a Patrícia Matos
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Patrícia Matos era um rosto da TVI que acordava Portugal todas manhãs, fê-lo durante anos, mas a sua vida mudou e hoje é assessora em Bruxelas. Apaixonada por ciência política e pela natureza, não descarta um regresso à televisão, um destes dias. Ribatejana e de uma simpatia que nos deixa felizes, Patrícia tem outra paixão: o FC Porto.
És de Constância, uma pequena vila ribatejana... e bonita. Vocês lá conhecem-se todos uns aos outros, não?
Todos. Aquilo já é pequeno e, depois, é tudo família. Não dá para cometer erros! És logo apanhado.
Um dia tiveste de deixar Constância para seguir o curso da tua vida profissional. Voltas lá muitas vezes ou nem por isso?
Vou lá imensas vezes, tenho lá a família toda, incluindo, os meus pais. Mesmo agora, vou todos os meses.
Começaste na rádio. Que importância teve na tua carreira profissional? Tens saudades do tempo da rádio?
No início, era a rádio. A rádio era o meu verbo. Toda a minha formação foi orientada para isso, era mesmo o que eu queria fazer, mas depois surgiu este amor profundo pela televisão. Tenho imensas saudades. Não perdi a esperança de reatar esse namoro. Como vês sou uma pessoa de paixões profundas e sérias!
Ao ver-te esta semana no programa "Dois às 10" da TVI percebi que não te posso convidar para vires ao Porto comer uma francesinha. Estou desiludido. Deixaste mesmo de comer carne?
Podes, porque já há francesinhas vegan. Ainda não provei, confesso, mas consta que é bastante bom. Eu gosto é do molho, que é o melhor, certo? Mas pode ser só meia francesinha? Eu saio barata. Eu não consigo mesmo comer francesinha tradicional. Quer dizer, podes convidar, mas ganhas um bilhete para as urgências do hospital. Vai por mim, é uma experiência alucinante e não vale o risco.
Dás muito valor às questões da natureza. As pessoas andam um bocado distraídas em relação aos problemas do planeta. Concordas?
Concordo, porque as pessoas não têm mesmo noção do risco que existe, um risco não recuperável, porque o tempo não volta atrás e não teremos forma de recuperar aquilo que não fizemos. Eu entendo que as pessoas olhem para estes discursos como fatalistas e extremistas. Não são: são de alarme. Real. Gostava que todos olhassem em redor e percebessem só, por exemplo, o que está a acontecer com o clima. É impossível não perceber que tudo mudou. E não, não foi por ação divina.
Foram muitos anos a acordar de madrugada para fazeres o Diário da Manhã. O que te levou a deixar o projeto da TVI? Estavas cansada de te levantares às quatro da manhã?
Nunca me canso de fazer o que me faz feliz, mesmo que seja às 4h da manhã. Mas estava a ficar com bastantes problemas de saúde e este convite pareceu-me, além de muito interessante, a pausa ideal. Eu estudo ciência política, sou fascinada por comunicação política, precisei de experimentar o outro lado da comunicação.
E como é que conseguias ter aquela energia toda tão cedo? Eu acho que adormecia em direto...
Oh, eu tenho pilhas duracel!! Se estivesses ao meu lado, garanto que acordavas!! Achas que alguém dormia naquele estúdio?? Nah.
Agora és assessora do eurodeputado independente Francisco Guerreiro. É uma mudança radical e ainda por cima Bruxelas é uma cidade um bocadinho feia. Como é que surgiu essa oportunidade?
Morro de saudades do sol, confesso que sim. Surgiu de forma natural, eu conheci o Francisco durante a investigação do meu doutoramento, ele era responsável de comunicação de um partido político (PAN) e ainda não estava em Bruxelas. Ficámos em contacto e ele tem faro, deve ter achado que eu era suficientemente louca para aceitar. Acertou.
Não vais ter saudades de aparecer na televisão?
Tenho muitas saudades do trabalho, da rotina, das pessoas. Não imaginas como era fantástica a equipa do Diário da Manhã. Eu fui mesmo muito feliz. E é por isso que vejo de forma natural o meu regresso ao jornalismo e à televisão.
E essa simpatia que irradias e esse ar de boa pessoa é desde sempre ou em miúda eras má como as cobras?
Considero-me boa pessoa, às vezes, até demais. Já em miúda era muuuuuuito agitada e partia coisas à minha mãe. Não era má, nem fazia birras, nem pedinchona, apenas não parava quieta um segundo. Ninguém diria, certo?
Sei que tens um fraquinho pelo FC Porto...
Azul é mesmo a minha cor preferida. Nunca ninguém percebeu, na TV, qual era o meu clube. Fui ofendida inúmeras vezes, com tendência para a ordinarice, porque eu fazia sempre a festa. Sabes quantas festas de título eu fiz, em estúdio? E não foram muitas do FCP.
E achas que o FC Porto vai ser campeão nesta época?
Quero muito que o FCP seja campeão. Em Bruxelas temos um grupo de adeptos que se junta para ver os jogos. Queremos todos ir agitar cachecóis para os Aliados! Go Conceição (mais razão, menos coração, sim?!)!
O Pinto da Costa completou 84 anos. Achas que ele é eterno?
Será sempre eterno, pela obra que deixa no FCP e no futebol português. Mesmo quem não concorda, tem que concordar. E enquanto houver memória, as pessoas nunca desaparecem.
És uma pessoa feliz?
Tenho saúde, logo, sou uma pessoa feliz.