"Pinto da Costa é uma lenda. Na primeira vez que o entrevistei estava muito nervoso"
FORA DE JOGO - Entrevista a Miguel Marques Monteiro
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Jornalista desde sempre do Porto Canal, Miguel Marques Monteiro, ou Migas para muitos amigos, tem a irreverência de um jovem repórter que nunca se imaginou nestas vidas. Hoje, com orgulho, é uma das caras do canal e um portista apaixonado.
Também te conhecem por Migas. Como é que foi isso?
É uma alcunha que vem de quando era criança, do lado brasileiro da minha família pela parte da minha mãe. Foi uma tia minha, a Marta, que faleceu recentemente, que começou com isso. Era muito brincalhona.
Mas gosta de migas?
Gosto do nome, mas de comê-las, nem por isso. Não comi muitas vezes.
Quando começaste nesta vida tinhas ideia de ir para o Porto Canal ou foi um acaso?
Precisava de fazer um estágio, não sabia o que queria da minha vida. Nunca tive ideia de ser jornalista, repórter ou apresentador. Os meus colegas e os meus professores aconselharam-me a ir para o jornalismo. O Porto Canal abriu-me essa porta. Fiquei feliz porque foi no início da ligação do canal com o clube e o FC Porto sempre foi o meu clube. Tenho essa paixão. Sempre quis trabalhar no FC Porto. Em miúdo queria ser treinador, depois percebi que também não tinha muito jeito para o futebol. Afinal encontrei outra porta. E cá estou eu há quase dez anos.
Vocês no Porto Canal são todos portistas?
Toda a gente que faz a equipa Porto é portista. Se calhar há alguns casos de colegas que nem tinham grande ligação ao clube, mas acabaram por gostar do clube, fruto das emoções que vivemos todos os dias. Em todo o canal, não sei. O canal tem duas vertentes, o lado do FC Porto e a informação geral. Nesse particular não sei dizer, porque o canal cresceu. Hoje estamos divididos, a parte generalista está na Senhora da Hora, nós estamos no Dragão.
O facto de estares a trabalhar no canal de um clube torna o teu horizonte profissional um pouco redutor. Já pensaste nisso?
Nunca tive essa preocupação e nunca pensei muito nisso. E se calhar vai ao encontro das minhas expectativas iniciais. Como nunca tive o objetivo de ser jornalista, está-se bem. Considero-me um criador de conteúdos, muito movido pelo lado emocional. Não tenho a pretensão de trabalhar noutro lado enquanto jornalista ou repórter. Criei o meu próprio espaço e assumi o meu portismo sem problemas. Se calhar há alguns anos era mais difícil assumir isso... Com a criação dos canais de clubes essa dificuldade ficou mais diluída. Achei que este era o caminho que me faria mais feliz.
Onde é que te sentes mais confortável, na narração ou na reportagem?
Gosto de muito de fazer reportagem. No Porto Canal fazemos um pouco de tudo porque a equipa é pequena, tanto narração, como apresentação ou reportagem. Sim, mas é na reportagem que me sinto muito bem, a reportagem de rua. Gosto de falar com adeptos, de contar histórias...
Também és uma pessoa muito divertida e isso vê-se nas tuas reportagens. De onde é que vem isso?
Vem do meu grupo de amigos, da minha família. No início, até por tentar seguir quem me chefiava, fazia uma reportagem muito mais séria. Mas depois fui-me libertando e encontrei o meu estilo. O Porto Canal deu-me a liberdade de ter essa descontração nas reportagens. Meto muito do que sou na minha vida profissional no meu trabalho.
Quando estás a narrar um jogo do FC Porto sofres muito?
Sofro, sinceramente, sofro muito. Porque sou portista e porque criei uma ligação com os miúdos da formação que vem já desde o meu início, sei lá com o André Silva, o Gonçalo Paciência, o Rúben Neves, só para dar alguns exemplos. Fico a torcer pelos miúdos.
Sei que da primeira vez que entrevistaste Pinto da Costa estavas a tremer. Estavas com frio?
Sabes, ainda apanhei o Estádio das Antas, o meu pai levava-me lá a ver os jogos. Para mim, Pinto da Costa é uma lenda. Primeiro não conheci outro presidente. A figura dele, antes como hoje, é tremenda, impõe respeito. Na primeira vez que o entrevistei estava muito nervoso, com medo de lhe fazer uma pergunta que ele considerasse estúpida.
O FC Porto vai ser campeão este ano?
Acredito que sim. Este é o meu lado portista a falar, mas também de quem acompanha o futebol de perto. Claro que estamos sempre sujeitos ao que se passa no mercado de janeiro, mas o míster Conceição criou um grupo muito forte. Sinto que a equipa tem um espírito forte. De tática não percebo muito, mas consigo cheirar o bom espírito do grupo.
Tenho uma surpresa para ti. Tenho uma proposta para te mudares para a BTV a ganhar o triplo. Aceitas?
(risos) Não vou. O dinheiro é importante, mas não é tudo. Não ia ser uma pessoa feliz, obrigadinho...
És uma pessoa feliz?
Sim, tenho um bom trabalho, bons amigos, uma boa família e tento repartir essa felicidade com a minha namorada, com o meu cão, o Benny... em homenagem ao Benny Mccarthy, um futebolista de quem eu gostava muito.