Resolver problemas adiados seria possível se mais escolhas houvesse. Perante o que existe, outro remédio não há senão o de fazer crescer jogadores em plena competição. Até eventual acerto de Inverno, o FC Porto viverá com a prata da casa e, em abono da verdade, não faltam campeões
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Passaram oito dias da pausa de 13, após o empate no Estoril. Não há jogo de seleção que diminua a imensa determinação em somar os três pontos em disputa no jogo com o Braga. Não será um jogo qualquer, o da próxima sexta-feira. Também pelas dúvidas que o FC Porto alimenta neste início de época e pela ciclotimia que o Sporting tem apresentado consoante joga dentro ou fora de portas nacionais, os bracarenses vêm ao Dragão destacados no 2.º lugar, três pontos acima e, como tal, literalmente ao alcance do FC Porto. Mas este Braga de Artur Jorge ainda não perdeu esta época, sólido, compaginando o pleno de vitórias na Liga Europa com a perda de apenas dois pontos no empate caseiro, na 1.ª jornada, com o Sporting. Grande momento este para uma prova de algodão.
A escolha entre continuar a vociferar contra uma equipa sem Vitinha e Fábio Vieira ou subir os degraus que importam, é clara. Ninguém pode estar à espera que esta equipa seja ou jogue igual à da época passada, em que Sérgio Conceição atingiu o ponto de rebuçado artístico do seu futebol
Para as rotinas de Sérgio Conceição, repousar sobre dois jogos sem vitórias é motivo extra para trabalho árduo. Que ninguém duvide da vontade e qualidade da equipa frente ao Braga, até porque deste resultado depende o ânimo e confiança para a antecipação dos duros embates que se precipitam. Se a dupla jornada com o Bayer Leverkusen assume caráter decisivo na Champions, não perder pontos até a recepção ao Benfica é fulcral para a aproximação ao 1.º lugar que não nos hipoteque a luta. Vencer Braga e Portimonense, neste contexto, não é só o "ritual do habitual" do campeão. São provas de fogo até ao jogo que nos pode voltar a colocar a competir na linha do horizonte.
Resolver problemas adiados seria possível se mais escolhas houvesse. Perante o que existe, outro remédio não há senão o de fazer crescer jogadores em plena competição. Até eventual acerto de Inverno, o FC Porto viverá com a prata da casa e, em abono da verdade, não faltam campeões. A escolha entre continuar a vociferar contra uma equipa sem Vitinha e Fábio Vieira ou subir os degraus que importam, é clara. Ninguém pode estar à espera que esta equipa seja ou jogue igual à da época passada, em que Sérgio Conceição atingiu o ponto de rebuçado artístico do seu futebol. Não é, nem será. Enfrentar este complexo ao espelho, será algo que só o trabalho de síntese do futebol de Conceição poderá conseguir: "nem tanto ao Marega, nem tanto a Vitinha" é o novo "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Saudosismos e ilusões não trazem títulos e só a união à volta da equipa e das nossas certezas nos fará campeões. No fim, cá estaremos para julgar e lutar por mais. Agora, ganhar ao Braga. Poder aos que cá estão. Em outubro, joga-se boa parte da época e a Revolução exige-se em forma de síntese.