VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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A vitória arrancada a ferros e merecimento no regresso a casa depois de duas pausas - para as selecções e também para alguns dias de descanso entregues ao plantel por Farioli -, não teve outra expressão porque perdemos bem mais do que um par de oportunidades flagrantes. Ontem, a eficácia não pisou o campo. Apesar da boa entrada em jogo e do hábito da intensidade inicial contra uma linha de cinco defesas insulares, foi curiosamente após sofrer o golo que o Nacional conseguiu subir linhas e, finalmente, mostrar como se pode pressionar o FC Porto. Talvez tenha sido a primeira equipa a fazê-lo nesta Liga, o que diz bem sobre a sua disponibilidade, competência física e táctica.
O espírito de união é evidente, a força de vontade tão inquestionável como a crença de que este pode ser um ano especial
Tudo acaba bem quando se somam os três pontos e quando os adeptos percebem que este era um jogo para ganhar desta ou de qualquer forma, após tantos sobressaltos vividos e algumas ausências titulares. Apesar disso, mesmo quando – na segunda parte - o jogo vivia sem critério e sem sabor, disputado bola no ar à procura de luta no solo, o FC Porto não deixou de criar boas oportunidades em esticões e contra-ataques, mas com perdas infantis em frente à baliza. Ouviu-se o rugir do Dragão no final. O espírito de união é evidente, a força de vontade tão inquestionável como a crença de que este pode ser um ano especial. Mesmo faltando alguma eficácia e a rotina de ataque continuado, o que não sendo preocupante, dá que pensar. Na realidade, dá que treinar.
À questão que já existia sobre como compatibilizar Gabri Veiga e Rodrigo Mora na equipa, a primeira resposta surgiu pelos cerca de quarenta minutos de Gabri Veiga que esteve longe de ser extraordinária. Pede-se mais. À medida que se resolve este “puzzle” fruto de boas opções, surge um outro: é inevitável pensar como compatibilizar William Gomes e Pepê no mesmo onze. A solução pode não passar pelo sacrifício de nenhum deles, tendo em conta que Pepê foi um dos homens do jogo a 90 minutos. Com o regresso de William e com Mora a contar para as contas titulares, há três jogadores para um papel decisivo na criação azul e branca numa zona mais central e avançada do terreno: Pepê, Mora e Gabri. Só o último parece não apreciar sair do banco. Ao cuidado de Farioli que já dispensou, por razões semelhantes, Iván Jaime.
Uma nota, não de rodapé, para o duo polaco (Bednarek e o estreante Kiwior) no centro da defesa: a segurança de quem se conhece em dupla é duplo sustento. Diogo Costa sabe agora como se sentia Mlynarczyck quando tinha uma dupla como Celso e Geraldão. Da Polónia ou do Brasil, só se soma o sotaque à Porto.