Farioli é um condutor de homens, sabe que o campeonato é longo e teve uma opção de risco que só a manutenção da forma colectiva ditará como certa ou errada
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No futebol tudo se altera a uma velocidade vertiginosa e, muitas vezes, de forma inesperada. Não são só as cambalhotas ou as mudanças no marcador. Desde que a vitória passou a valer três pontos, acrescentando mais um ponto ao pecúlio, que as diferenças aumentaram na tabela classificativa. Mas nada bate a sensação de estar em primeiro, olhar para o topo e rever o emblema, ainda que de forma precipitada ou pueril, alheios a conclusões ou a grandes indicações acerca do desfecho final.
Só o facto de estar em primeiro com nota artística e com grande espírito de grupo justifica quase uma semana de folga ao plantel. Uma folga mais do que merecida, diga-se. Mas impensável há semanas, incompreensível para um grupo de trabalho que deveria moldar-se paulatinamente ao desejo do treinador recém-chegado. Afinal não foi uma carga de trabalhos. A equipa respondeu positivamente, encantou os adeptos e não perdeu um ponto, vencendo em Alvalade justamente e sem margem para dúvidas. Farioli é um condutor de homens, sabe que o campeonato é longo e teve uma opção de risco que só a manutenção da forma colectiva ditará como certa ou errada. Longa se torna a espera pelo jogo que aí vem, mesmo que em regime de treino ou de folga. Para os adeptos, o próximo jogo seria já amanhã.
Agora que o mercado encerrou, é inegável como André Villas-Boas apontou à cirurgia, demonstrando inteligência e visão em estabilidade, assim como uma aposta forte e convicta em abrir os cordões à bolsa. Talvez à espera do mercado de inverno para definir a questão das eventuais saídas de Rodrigo Mora ou de Diogo Costa, as contratações de Bednarek e Kiwior (dupla de centrais da selecção polaca), Pripic, Alberto Costa, Froholdt, João Costa, Borja Sainz, Gabri Veiga, Pablo Rosario, Luuk de Jong e Pedro Lima (que se pode tentar afirmar na equipa principal) são, quase todas elas, justificadas pelo bom senso e com taxa de aprovação imediata. O impacto no jogo de cada um dos reforços já testados permite concluir que qualquer um deles pode lutar pela titularidade e que chegam para somar. A resistência a vender Samu, Pepê, Varela e Eustáquio é também um reforço de consistência que facilmente se percebe pela manutenção de jogadores decisivos. Particularmente no caso de Pepê, André Villas-Boas percebeu (e bem, com a ajuda de Farioli) quão decisiva pode ser a recuperação psicológica do jogador para outros patamares, agora que os sorrisos voltaram quando tem concorrência à altura no exuberante William Gomes. Respira-se saúde e ânsia de jogo. Nunca mais é sábado.