PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Desde sexta-feira que o Vitória regressou à "normalidade contabilística", tendo as contas do clube sido aprovadas em Assembleia Geral. Já se sabe que o gesto de chumbar as contas é normalmente de cunho simbólico, pretendendo, as mais das vezes, significar um voto de protesto ante a realidade que as ditas contas espelham.
Em boa medida, tinha sido isso que tinha acontecido com a Direção anterior, pelo que se esperava que o voto fosse, desta vez, favorável, ainda que se soubesse já que a situação financeira do clube dava sinais de algum dramatismo.
Assim foi, tendo igualmente ficado definitivamente claro aquilo que também já todos sabiam: a gravidade da situação atual, agora apresentada de forma nua e crua. O Vitória volta, por isso, a viver uma situação de verdadeiro estado de necessidade, o que vai influenciar a política do clube nos próximos anos.
É hora de apertar o cinto e de cortar despesa de forma que terá de ser efetiva senão mesmo radical. Isso implica que todos nós, vitorianos, tenhamos a consciência de que a Direção vai ter o desafio imenso de tentar fazer mais com muito menos. A enorme dimensão do desafio tem que ter, por isso, a correspondente enorme compreensão da parte dos adeptos.
Num clube permanentemente exigente, temos de saber, como já fizemos num passado não muito distante, diminuir o volume dessa exigência. Dirão alguns que quem se candidatou já sabia da gravidade do que ia enfrentar, o que é, em boa parte, verdade. Mas sabemos todos que milagres não há e que se o dinheiro não é tudo, dá uma ajuda dos diabos...
Importa, por isso, que a Direção prossiga o seu caminho de emagrecimento, tomando as medidas que embora duras, têm de ser tomadas. Cortar nas gorduras sem se chegar a um ponto em que se sacrifica a saúde do doente é o exercício a fazer. Isso e redobrar a dose de imaginação e de acerto na política desportiva é que vai determinar se é possível conseguir a tal quadratura do círculo de fazer mais com menos.