PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha
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Esta semana dei por mim a vasculhar na net se já estaria agendada a habitual entrevista que António Manuel Cardoso tem dado à Santiago, no fecho de cada janela de mercado. A minha ansiedade não será diferente da de muitos vitorianos. Pela parte que me toca, estou ávido de perceber muitas coisas que aconteceram neste defeso e que me escapam. Mistérios que necessitam de explicação.
A primeira é desde logo perceber por que razão o Vitória entendeu prescindir dos serviços de um treinador que apanhou uma equipa que não escolheu e em crise de resultados, a jogar num sistema que não era o seu, e que ainda assim fez um excelente trabalho. Porquê mudar pela enésima vez? Depois, era bom que se percebesse a razão de uma aparente mudança na política de contratações. Um Vitória que, sob a égide deste presidente, tinha um histórico de aquisições com alta percentagem de sucesso, passou a contratar (segundo o que parece) sem grande critério, ao ponto de um dos reforços para este ano já se ter ido embora, algo pouco visto. Mas tão importante como as entradas, importa explicar as saídas. Uma sangria desatada. Um desbaste do anterior plantel muitas vezes sem justificação à vista. Saídas, muitas delas a custo zero, de elementos de inegável qualidade e peso no plantel. E saídas, outras, por valores que pareciam já estar no passado, de tão parcos, numa altura em que o mercado anda louco e em que se vendem jogadores por números estratosféricos. O que explica a nossa regressão
Finalmente, a questão mais importante de todas: que declarações foram aquelas no final do jogo com o Arouca? Recordemos que o Vitória foi a eleições ainda há meia dúzia de meses. Um ato em que os vitorianos deram uma vitória expressiva a estes órgãos sociais. Assim sendo, que sentido faz estar o presidente a introduzir mais um fator de instabilidade na equação, dizendo que vai embora se não alcançarmos um determinado lugar?Já aqui disse e redisse que o Vitória perde para com outros competidores pelo facto de os seus dirigentes não permanecerem nos cargos por períodos mais longos. Parece que estamos sempre a recomeçar. Nesse contexto, as declarações do presidente são difíceis de compreender. Porque ninguém é obrigado a candidatar-se a presidente do Vitória. E todos os que o fazem sabem bem da exigência do cargo. Espero, por isso, que António Miguel Cardoso explique as declarações mais a jeito de desabafo e não como uma promessa a cumprir.