Vitória tem surpreendido pela positiva em jogos em que muitos vaticinavam uma hecatombe
PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Quando se fala em Taça de Portugal, muitas memórias nos vêm imediatamente à cabeça. Vou-me centrar apenas em duas. A primeira, a mais prazerosa de todas, data de 2013. O ano em que décadas de uma busca incessante pelo troféu culminaram no momento em que o nosso capitão Alex ergueu a Taça. Para muitos terá sido o dia mais feliz das suas vidas enquanto vitorianos. Muitos outros perseguiram esse instante e não o chegaram a viver. Para outros ainda, os mais novos de todos nós, esse é e será apenas um feito do passado.
Quando as lágrimas me escorriam pela cara no Jamor naquele dia, só me lembrava daquele que me fez vitoriano e que a vida tinha impedido de estar ali comigo. São momentos inesquecíveis, mas que importa repetir. Por isso, em cada nova época se renova o desejo de lá voltar.
Claro que todos sabem que o caminho para lá chegar é longo e por vezes tortuoso, cheio de imprevistos e de armadilhas que importa saber evitar. E que às vezes se fica pelo caminho quando menos se espera. Isso leva-me à segunda memória. Era ainda muito pequeno e fiquei em casa de uns tios enquanto os mais velhos iam ao futebol. Era um jogo da taça, mas sem grande interesse. Afinal, o adversário era um pequeno clube de divisões inferiores. Quando voltaram, a notícia era quase inacreditável: o Vitória tinha sido eliminado em casa pelo Sacavenense. Ficou-me a lição: na Taça de Portugal nada é garantido e quem assim achar já andou meio caminho rumo ao abismo. Ao longo dos anos, episódios como esse foram-se repetindo, mantendo vivo o aviso: se queremos ganhar o troféu, esses jogos têm de ser encarados com a mesma atitude de todos os outros.
Ontem era um desses dias. Felizmente, enfrentamos o jogo com a competência necessária para que esta eliminatória não ficasse na história pelos piores motivos.
Este ano, o Vitória tem surpreendido pela positiva em jogos em que muitos vaticinavam uma hecatombe. Falta o resto. Que naqueles outros em que é esperada a nossa superioridade, ela se cumpra no campo. Os próximos dois jogos em casa são desses. Que o de ontem tenha sido o pontapé de saída para duas vitórias que se desejam, para nos chegarmos mais acima na classificação.