VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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A entrada demolidora do FC Porto nesta época, 23ª Supertaça no Museu e goleada na primeira jornada da Liga, sinaliza uma equipa com uma rotação assinalável para um início de estação.
No jogo 2000 do presidente Pinto da Costa, eis a intensidade de uma goleada num Dragão de lotação esgotada e a confirmação do estado de graça goleadora de Taremi (53 golos e 35 assistências desde que chegou ao Dragão).
Mais uma vez sem a possibilidade de contar com Otávio, Sérgio Conceição repete o 10 que enfrentou o Tondela (Diogo Costa volta ao seu lugar, após o adeus de Marchesín) e percebe-se como a ausência do luso-brasileiro abriu uma janela de oportunidade para Loader e uma carga de sacrifícios para Pepê. Se Loader mostra serviço e capacidade (até defensiva) num lugar que conhece bem (o de segundo avançado), Pepê dá cartas em mais uma posição no 11, confirmando a maturidade de um jogador que, esta época, tem tudo explodir quando regressar ao lugar que melhor conhece.Como se percebeu quando a arbitragem não quis ser protagonista, houve jogo e do bom.
Duas equipas positivas, a olhar nos olhos, com o FC Porto a exercer pressão constante e a exibir uma das suas maiores armas para esta época: as trocas posicionais permanentes no meio campo ofensivo, complementada (à vez) pela profundidade da acção dos laterais (João Mário, em alguns momentos do jogo, mais parece voltar ao seu berço ofensivo, explorando a linha em posse; Zaidu, em velocidade, explorando o espaço nas costas do adversário). Grujic, Uribe e Pepê garantem os equilíbrios, sem que os dois últimos deixem de tentar os passes longos de assistência para golo e os passes de ruptura no último terço do terreno). O tridente móvel de avançados que as características de Taremi e Evanilson permitem, promete ser sufoco e alarme constante para as defesas adversárias.
Uma das novas marcas distintivas do ano parece ser o trabalho específico nos lançamentos de linha lateral para a grande área do adversário, a partir do enfiamento da mesma: pela direita e através deles, Uribe semeou o pânico na defesa insular por três vezes durante a primeira parte. Na segunda parte, pela esquerda, Zaidu encarregou-se da missão, estando na origem do quarto golo da equipa. Entre golos, fruto da pressão ou de belas jogadas colectivas (como as do segundo e quinto golos), a certeza de que o FC Porto não hipotecou qualidade no seu futebol. O que será diferente, já chegou e dá sinais. O balanço, entre o deve e o haver, ainda está para vir mas a equipa não se encolheu pelas ausências. Assim como aconteceu após a saída de Luis Díaz ou de qualquer jogador nuclear, algo mudou e maturou. Há uma mudança na casa damáquinas com a saída de Vitinha. Mas não falta combustível e fogo ao Dragão.