PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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O futebol (ainda) tem destas coisas: numa semana assistimos ao comportamento vergonhoso de um jogador, que provoca de forma gratuita os adeptos adversários. Na outra, aplaudimos de pé a atitude de um outro que nos mostra que, mais importante do que ganhar, é respeitar a saúde do homem que casualmente veste uma camisola de outra cor.
Hora de felicitar Gabriel Silva, jovem do Santa Clara que interrompeu uma jogada de ataque para que André Amaro fosse assistido.
Hora, por isso, de felicitar Gabriel Silva, jovem do Santa Clara que interrompeu uma jogada de ataque para que André Amaro fosse assistido. Um gesto que mereceu o aplauso em peso do D. Afonso Henriques e um momento bonito que vai rareando no futebol do século XXI.
Enquanto assistia ao jogo no nosso estádio, a palavra que me vinha à cabeça era "paciência". Paciência era o que precisava o Vitória naquela partida. Perante um adversário que jogava encostado atrás e a estrear o novo sistema tático num jogo em que a iniciativa era nossa, as dificuldades eram previsíveis.
Era, por isso, um jogo de paciência em que, mais do que querer fazer tudo freneticamente, era preciso trocar a bola até que se abrisse a fresta por onde entrar.
Em jogos assim, é muito importante que os próprios adeptos tenham essa mesma paciência. Porque se começam a assobiar à primeira contemporização que faz a equipa, só vão desestabilizar os jogadores, que começam a tomar decisões precipitadas, num ciclo vicioso que todos sabemos onde vai parar.
Finalmente, numa perspetiva mais ampla, esta é uma época em que todos os vitorianos vão ter mesmo que ter muita paciência. O Vitória enfrenta-a cheio de caras novas, sem jogadores que nos últimos anos tinham sido importantes, pejado de jovens inexperientes atirados às feras e liderado por um treinador também ele a dar os primeiros passos a este nível.
Se em cima disso tudo a equipa continuar a ser fustigada por lesões, percebemos bem a enormidade do desafio. Temos, por isso, de estar preparados para jogos como o de sexta, em que a exibição é tristonha. Naquele jogo deu para ganhar, noutros pode não dar. O importante é percebemos todos o que é que podemos fazer para ajudar.
Da última vez em que algo de parecido aconteceu, os vitorianos mostraram de forma admirável essa paciência e compreensão para com a equipa e o final da época desportiva presenteou-os com o maior troféu da história do clube. Vamos a isso?