"Uma venda de Sérgio Oliveira terá um impacto mais imprevisível e profundo na equipa"
VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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É muito cedo para jogar com o resultado dos adversários mas, olhando os jogos dos rivais pela visão de sofá no dia de ontem, o FC Porto entra hoje em Famalicão com a certeza de que pode continuar a partilhar a liderança com os rivais da segunda circular.
O Braga, à semelhança do que sucedeu na Supertaça, transmite a ideia de que ainda lhe falta algo mais para fazer a diferença com que, em vários momentos da época passada, conseguiu fazer mossa e ferir FC Porto e Benfica. Com o Sporting a não deixar pontos em Braga, continua a invicta senda leonina frente aos bracarenses (que já transita da época passada).
Já ninguém duvida que não se esboroou a solidez que muito contribuiu para a construção do surpreendente campeão em título.
A indefinição da janela das transferências continua a ser um elemento de perturbação para um clube, por natureza ou necessidade, vendedor. Qualquer clube português. Com Corona e Sérgio Oliveira na porta entreaberta de saída, só o segundo continuará, com naturalidade, a ascender ao 11. É ainda o momento de "aclimatar" processos de novos jogadores ou de felizes regressos que muito ganham em partilhar metros e minutos com o segundo melhor "goleador" da equipa na época passada.
Se "goleador" não rima com médio, optemos por "marcador". Mas depois pensamos na preponderância de Bruno Fernandes e de Pedro Gonçalves no Sporting, naquele misto de avançado/médio distribuidor de jogo e reforçamos a importância de um médio ofensivo que tenha faro e golo nos pés.
Com Marega noutras paragens (o 3º melhor marcador da equipa na época passada), uma eventual saída de Sérgio Oliveira não se mede só pelo seu peso específico nos equilíbrios harmónicos no meio campo portista. É certo que a equipa, este ano, parece talhada para melhores e mais diversas soluções, até na forma como chega, capaz, perante a baliza adversária.
Mas se parece evidente que uma eventual saída de Corona não mexe fundo com a realidade de jogo do FC Porto, já uma eventual venda de Sérgio Oliveira terá um impacto mais imprevisível e profundo na matéria de jogo da equipa. Não será apenas um jogador, aposto, a assumir a herança dos seus 20 golos em 20/21.
Wilson regressa às 6
Habitualmente, após os jogos, o sangue fervilha e a fervura está longe de ser boa conselheira para o estudo do meio. Já o desassombro com que os treinadores abordam as conferências de imprensa que antecipam os jogos da jornada tem oferecido melhores momentos de comunicação do futebol que, jogando-se dentro do campo, também deve ter tradução fora das quatro linhas. Esse futebol "falado" pelos protagonistas é vital e não tem que estar guardado para as velhas glórias em jeito de recuperação das memórias de baú ou para os espaços de comentário de actualidade.
Compete também aos treinadores, semanalmente, fazer a sua parte para que o jogo se perceba, se transmita e se humanize. É por isso que é um deleite ouvir Sérgio Conceição abordar as razões que o levaram, frente ao Belenenses SAD, a colocar Zaidu a titular na esquerda da defesa em detrimento de Wilson Manafá. É quase certo que, não batendo sol agreste pelo fim da tarde em Famalicão e havendo nota da disponibilidade que faltou em treinos anteriores, Wilson ultrapassa pela esquerda às 6.