A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Tenho o maior orgulho nos adeptos do Benfica. Depois de duas derrotas traumáticas, enchemos Chaves, apoiámos do princípio ao fim, acreditámos sempre, mesmo com a equipa em subrendimento por largos períodos do jogo. Mais não podíamos ter feito.
Se nada está perdido, então é continuar assim, a fazer a nossa parte do trabalho. Pode ser uma das chaves da época.
2 Uma equipa que fez o que fez de agosto a março não pode cair assim, a pique, de um momento para o outro, não pode ter desaprendido de jogar só porque entrámos na Primavera. Do treinador aos jogadores, a qualidade está lá, só pode estar lá. O problema maior está, agora, na vertente mental. Tem que ser imediatamente trabalhada, muito bem trabalhada, superiormente trabalhada. À atenção de Rui Costa e seus pares. Pode estar aqui outra das chaves da época. Porque os jogos são todos para ganhar!
3 Regresso de carro a Lisboa. Começo a receber mensagens, inúmeras, com imagens do penálti não marcado a nosso favor por falta, evidente, sobre Otamendi antes do golo do Chaves. Depois, nova enxurrada de mensagens com o primeiro penálti a favor do FC Porto no jogo caseiro com o Santa Clara. Ambos são bem o exemplo da vergonhosa dualidade de critérios a que se têm referido os dirigentes portistas. Não tenho como não lhes dar razão. Tem estado aqui outra das chaves da época, com o Benfica inexplicavelmente em silêncio.
4 Sempre que Vítor Baía fala de arbitragens, recordo-me de dois "erros" colossais, que influenciaram resultados, e em que ele foi diretamente protagonista e beneficiário a prejuízo do Benfica: uma vez, nas Antas, defendeu ostensivamente a bola com a mão fora da área e, mesmo assim, na sequência do lance, o Benfica conseguiu marcar golo, imediatamente anulado por inexistente fora de jogo, ao mesmo tempo que lhe foi (inacreditavelmente) perdoado o vermelho direto; outra vez, na Luz, defendeu a bola um metro - leu bem, um metro! - dentro da baliza sem que o golo, claríssimo, tivesse sido validado ao Benfica. Muitos outros casos - tantos foram! - poderiam aqui ser elencados. Têm sido as chaves de muitas épocas.
5 Eis a confirmação de uma inevitabilidade anunciada: a Holanda ultrapassou-nos no ranking da UEFA! Acontece que ao contrário do que se anda a propalar, o problema da competitividade do nosso futebol não está na não centralização de direitos (os holandeses têm 90M€ de receita centralizada, nós cerca de 140M€). O verdadeiro problema está no que eles têm e nós não: baixa média de faltas, alta percentagem de tempo útil, média de golos elevada, estádios cheios, fair play e civismo em vez de arruaças e mau perder. Sem inverter tudo isto e melhorar significativamente o produto, e sem este ser bem tratado pelos protagonistas, escusam de bradar pela centralização.