A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Para justificar um empate frente ao Santa Clara na Luz, em superioridade numérica mais de uma parte, Lage não pode queixar-se do tempo de preparação que, de facto, não teve. Julgo que as dificuldades se deveram mais ao sistema de jogo que vem implementando e que, tem-se constatado, apresenta claras e inexplicáveis dificuldades quando se depara com autocarros pela frente. Mas, a fazer sentido o seu lamento, para que foi o Benfica jogar numa sexta-feira, sabendo de antemão que só teria o plantel completo para treinar na véspera do jogo?
Para justificar um empate, em superioridade numérica mais de uma parte, Lage não pode queixar-se do tempo de preparação que, de facto, não teve
2 - Se eu fosse Bruno Lage jamais faria considerações que entroncassem no processo eleitoral do clube. Bem sei que Lage não é convenientemente defendido por nenhum candidato – por Rui Costa não sabemos dado que os continuados silêncios do presidente não nos permitem tirar conclusões –, contudo não compete ao treinador, mero funcionário do clube, meter-se em politiquices.
3 - À atenção dos negociadores da centralização, que acham que a exportação é a solução milagrosa para aquela equação praticamente irresolúvel: o Boca Juniors-Benfica foi o jogo mais visto na Argentina desde a final da Libertadores de 2023: 9,1 milhões de telespetadores! O Benfica não pode ficar sequer com valor igual, o mercado determina que nos seja atribuído bem mais do que os atuais 52 milhões de euros por época.
4 - Que a equipa feminina do Benfica tinha que ter jogado muito mais contra o Torreense, não há quem não o admita; que lhe foi sonegado um golo limpo por fora de jogo inexistente, é inquestionável; que a má educação de Fernando Tavares para com José Pereira da Costa “foram nervos à flor da pele depois de uma Supertaça que se queria muito vencer” é que já não cola. Foi – todos viram – a exposição pública de guerrinhas e conflitos internos não resolvidos, foi a demonstração cabal da incapacidade de obrigar que todos estejam à altura das suas responsabilidades enquanto membro de órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica. Uma vergonha!
5 - Entretanto, Filipa Patão, lá longe em Boston, para onde foi trabalhar, tem razões para pensar: atrás de mim virá quem de mim bom fará.
6 - Fez bem a Liga Portugal em distinguir Cristiano Ronaldo como o "melhor de sempre"? Não conheço os critérios que estiveram na base de tão importante distinção, mas convém lembrar que o jogador fez uma única época como sénior na nossa liga, sendo apenas onze vezes titular no Sporting em 2002/03, totalizando 1069 minutos em campo – e foi tudo! Os limites da injustiça para com outros, do ridículo para consigo e da bajulação para com Ronaldo não são tidos em conta por quem decide estas escolhas?
7 - No programa do canal V+ desta segunda-feira, o meu amigo José Manuel Antunes assumiu que recebe regularmente uma “cartilha” emanada do clube. Nunca Pedro Pinto ou algum dos seus apaniguados enviou para mim tal coisa e isso é, acreditem, o maior elogio que me podem fazer: reconhecem que não sou voz do dono, que não preciso de orientações para bem defender o clube, que sou independente o suficiente para jamais tomar lugar na trincheira do Benfiquismo socorrendo-me de indicações de terceiros suportadas em agendas próprias. Agradeço-lhes, do fundo do meu coração vermelho, a consideração.