A JOGAR FOFRA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 Mas era preciso vir da Eslovénia um incompetente do apito deitar petróleo para cima da fogueira do bate-no-Lage-que-é-o-que-está-a-dar? Se tivéssemos ganho por três-zero, se o senhor Vincic (mais o VAR) não nos tivesse tirado dois golos limpos, como iriam apertar os senhores jornalistas com Lage com base na insuficiência de golos da equipa? Na verdade, o mítico Phil Jackson, do alto da sua infinita sabedoria, explicou que “os ataques ganham jogos e as defesas campeonatos” e a velha máxima do futebolês diz-nos que “as equipas constroem-se a partir de trás”, pelo que vem bem a propósito perguntar: quantos golos sofreu o Benfica nos sete jogos oficiais já disputados esta época?
2 É preciso a disputa próxima de eleições para uma SAD ser assertiva nas contratações? Verdade que é mais fácil ser bem-sucedido quando se abre-os-cordões-à-bolsa, mas vermos Dedic – um achado! –, Enzo, Ríos e Ivanovic – o que não será quando melhorar os atributos técnicos? – de Manto Sagrado vestido faz-nos crer numa época positiva. Somou-se-lhes ontem Sudakov, será que ainda virá mais alguém? Que haja eleições todos os outubros!
3 Quando se diz que Rui Costa não aprendeu nada com Vieira, falta-se à verdade: em 2020, o Benfica de Vieira foi mandado borda fora da Champions pelo PAOK graças a um golo de Zivkovic, por nós acabadinho de lhes ser vendido; esta semana, o Benfica de Rui Costa mandou o Fenerbahçe borda fora da Champions graças a um golo de Aktürkoglu, que no dia seguinte rumou ao clube de Istambul.
4 55 euros – nem mais nem menos – pagaram os Benfiquistas para ver ao vivo e a cores a sua equipa em Alverca. É o clássico, desavergonhado e despudorado aproveitamento da visita do maior de Portugal, verdadeiro abono de família de uma liga cada vez mais incapaz de se regenerar. E querem que a centralização nos tire dinheiro para o distribuir por esta gente? Mal de quem do nosso lado aceitar uma barbaridade dessas.
5 O sorteio da fase de liga da Champions, para variar amaldiçoado para as nossas cores, deixou-nos, não obstante as dificuldades que se adivinham, com água na boca para ver o décimo classificado do ranking da UEFA enfrentar vários colossos europeus, fechando na Luz com o Real Madrid – a verdadeira cereja em cima do bolo!
6 Quaisquer que sejam as razões – e é difícil, muito difícil que sejam aceitáveis –, não posso entender alguém que se propõe debater com um, não com todos os candidatos. Melhor seria Vieira assumir de vez que não quer enfrentar ninguém: alguma vez Rui Costa vai aceitar debater apenas e só com ele?
7 Assisto à carreira de Rúben Amorim em Inglaterra e concluo que é mais difícil ganhar num país onde os Palhinhas cumprem jogos de castigo depois de cinco amarelos, onde os simuladores não ganham penáltis, antes são penalizados, onde as entradas e os empurrões à lá Diomande dentro da área são assinalados, onde os “pisa na cabeça” não passam ao lado dos VAR, onde não existem câmaras de segurança penduradas em postes de iluminação a invalidar golos limpos – e mais não posso escrever porque o espaço desta crónica acaba precisamente aqui.