À espera de Mourinho

1 - É hora de alguém – eu! – deixar uma palavra de apreço para Ivo Vieira, agora à frente do Tondela, porque não monta, nunca montou, as suas equipas com base em ferrolhos e autocarros. Como "treino" para quarta-feira não foi lá grande coisa, porque não é suposto o Fenerbahçe de Mourinho vir à Luz jogar aberto, mas muito teria a ganhar o futebol português se mais equipas optassem por sistemas e estratégias positivas. De ontem vieram duas confirmações: Dedic e Barrenechea como dois grandes reforços para 2025/26.

2 - Em Istambul, o Benfica fez uma exibição competente e mostrou que tem valor suficiente para não precisar dos bons ofícios da Nossa Senhora de Fátima para eliminar o Fenerbahçe, esse mesmo que despachou o Feyenoord de goleada. Terá, todavia, que voltar a ser assertivo no plano defensivo e, beneficiando do importante fator casa, ser mais atrevido no ataque. A nós, adeptos, em vez de irmos atrás de quem de imediato desvalorizou o adversário para desfazer a tática de Lage e a exibição da equipa – isto é que vai para aí uma mania... –, compete-nos encher a Catedral, ontem estiveram mais de 60 mil!, para apoiar do princípio ao fim.

3 - Quem quer que ele seja, venha de onde vier, tenha o curriculum que tiver, terá o destino traçado se for o maior investimento do Benfica numa janela de mercado: será considerado, no mínimo, um flop. A Richard Ríos resta-lhe marcar e assistir como um avançado, bater recordes nos duelos aéreos e terrestres, evitar golos feitos que nem um defesa, distribuir jogo como um dez e correr uma maratona a cada noventa minutos.

4 - Se Vieira valorizasse a necessidade de previamente se preparar e tivesse – não tem – jeito para entrevistas coletivas, teria saído dos estúdios da CNN – deixem-me utilizar uma expressão tauromáquica – com duas orelhas e um rabo cortados, tão previsíveis e de resposta tão fácil foram as questões com que o procuraram "entalar". Assim, para muitos, saiu apenas como vítima de uma espécie de inadmissível julgamento popular feito em televisão.

5 - Enquanto João Diogo Manteigas vai marcando pontos pela oportunidade e acerto das críticas, pela convicção e clareza com que expõe as suas ideias, pela sensatez e Benfiquismo que demonstra a cada intervenção, eu continuo a aguardar pelo candidato que nos explique, tintim por tintim, como vai devolver ao clube e à SAD uma imprescindível cultura de exigência, como vai eliminar o burguesismo reinante, como vai desfazer as quintinhas e as feiras de vaidades que impossibilitam o Benfica de voltar a ter o espírito de antes-quebrar-que-torcer que o conduziu à glória.

6 - O Sporting, especialista maior, para não dizer único, na utilização de expedientes jurídicos para fazer com que jogadores seus não cumpram castigos, já conseguiu que o Tribunal Administrativo do Sul viabilizasse a utilização de Matheus Reis – esse mesmo! – no clássico que está aí ao dobrar da esquina. Assim vai o doutor Varandas dando mostras de como se luta pela verdade desportiva, pelos exemplares princípios de ação, pela ética inigualável que se gaba de aplicar em todos os seus atos de gestor. O futebol português agradece!