Ganhámos fruto de um justo penálti caído do céu, não de um amasso dado no Estrela
Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Na Amadora, disputando o quarto jogo oficial da pré-época, as nossas estrelas não apareceram, estiveram ausentes, desinspiradas, não entendi o que se terá passado depois do brilharete de quarta-feira, foram os piores noventa minutos da época, foram muito maus. Ganhámos fruto de um justo penálti caído do céu, não fruto de um amasso dado no Estrela. Em suma: valeram os três pontos e as lições que dali se possam tirar, nada mais. Nota final para uma arbitragem sem qualidade, a apitar por tudo e por nada, a condescender com o anti jogo, árbitro tuga não muda, a quem querem vender produto tão mau centralizado?
2 - Na passada semana destaquei aqui, com indisfarçado orgulho, a forma como os dois golos marcados em Nice resultaram de fantásticas jogadas coletivas. Esta semana, desta vez na Luz, perante 65 mil deleitados espetadores, fizemos melhor: o segundo golo teve a bola trocada vinte vezes entre nove dos nossos jogadores até ser brilhantemente concluída por Schjelderup. Um luxo!
3 - Com a eliminação do Nice, o Benfica está no 11º lugar do ranking de clubes da UEFA, sendo de longe – e bem de longe! – o melhor fora os clubes das big-5. (FC Porto no 28º lugar, Sporting no 29º e Braga no 52º.) Sabemos que boas prestações europeias jamais substituem títulos de campeão nacional, todavia os grandes jogos “uefeiros” são partes indispensáveis do nosso ADN. Quarta-feira é em Istambul e o nível tem que subir muito relativamente à Amadora.
4 - Fez bem Bruno Lage em não comentar queixinhas e comunicados internos nas conferências de imprensa da Champions. De mais a mais, desabafos como o seu acontecem ao pontapé no futebol e ele nem sequer o proferiu, como outros, na cara do árbitro – ninguém pode, aliás, garantir que eram dirigidos ao homem do apito. Porque se meteu, então, o Sporting nisto? Porque considera Fábio Veríssimo um dos seus.
5 - Importa que a nossa pré-campanha eleitoral não resvale para inúteis e dispensáveis discussões, tais como a associação criada por homens de Vieira para gerir os dinheiros da sua campanha ou as faturas da campanha de Noronha Lopes alegadamente processadas a empresas suas. Nada ganham com isto os candidatos, com isto perde garantidamente o Benfica.
6 - O Benfica já teve um scounting de se lhe tirar o chapéu. Hoje, porém, vamos assistindo, com toda a naturalidade, a sucessivos investimentos acima dos vinte milhões de euros. Ivanovic – outros exemplos poderiam ser dados – custou 4M€ ao Saint Gilloise, e nós contratámo-lo um ano depois por 22,8M€. O que andam a fazer os nossos olheiros?
7 - Nos quatro anos de presidência de Rui Costa, vendemos dezasseis jogadores que fizeram parte dos onze mais utilizados em alguma ou algumas dessas épocas. Por outro lado, desde 2021/22, o Benfica, que tem uma das melhores academias do mundo, inscreveu – entre emprestados e contratados – 19 jogadores que já desandaram sem se terem imposto como titulares. O projeto desportivo – de Rui Costa, que tem o direito de mudar de política, e de todos os outros candidatos – é o meu mais importante fator de escolha nas eleições de outubro.