VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
Corpo do artigo
Qualquer regresso a um lugar onde se foi feliz traz e convoca. Esse sítio, distinto e emocional, aparenta o sempre novo mas é repositório de emoções avulsas, sejam das antigas ou de sensações últimas, plenas de razões para ser e de outras com coração cheio. Julga-se uma primeira vez, ao ritmo cardíaco, mas um regresso conta uma história às costas.
As ausências do mercado pesavam na memória em saudade, ainda que algo venha a ser feito em versão "box to box" após a saída de Vitinha
Voltar ao Dragão após mais de dois meses de ausência, é um jogo de antecipação por si só. O que faz falta materializa-se em sonhos nos dias que antecipam o regresso e, depois, o esplendor na relva. Voltar às cadeiras azuis, aos vizinhos donos dos ditos e frases chave, a emoção do golo, o cheiro da relva mesmo que pela vista ao longe, os cânticos, o estado da alma. Tudo intacto. A uma semana de lutar pelo primeiro troféu da época, tudo o queremos é a certeza de que tudo volta a ser possível.
A competitividade do FC Porto num jogo particular nunca está em causa. Numa primeira parte de gestão e equilíbrios, a criatividade fez-se ausente antes de a equipa regressar do balneário ao intervalo. As ausências do mercado pesavam na memória em saudade, ainda que algo venha a ser feito em versão "box to box" após a saída de Vitinha. No entretanto, a versão musculada desta época apareceu e convenceu, sobretudo na segunda parte. As entradas de Otávio e Grujic recolocaram a equipa na zona de combustão e conforto.
Se esta for a época em que Pepê explode, Evanilson se afirma, Uribe referencia, Grujic ascende, Veron surpreende, David Carmo e Marcano sustentam, Pepe e Otávio chefiam, tantos outros ganham espaço para crescer em influência e decisão, não sobrando em dúvidas: não há razões para não acreditar que a intensidade está adquirida. A felicidade, essa, está aí, já à porta em antecâmara de sete dias, à razão da conquista.