VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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O cheque não chegou no fim do mês, contra todas as expectativas.
Somaram-se dias de incerteza e semanas atribuladas para alguns jogadores, cabeça na porta de entrada de clubes que se anunciavam como quase certos e dos quais se esperava, apenas e tão só, o acerto final que viria nos últimos dias de Agosto, como que inevitavelmente, após a resolução das derradeiras pontas soltas do mercado de verão.
Para o FC Porto, que desfilava parado na posição de vendedor, este bater descompassado perante o desequilíbrio à distância de meses, evidentes foram os negócios desfeitos ou por fazer com dois ou três dos seus principais activos. Os activos continuam por cá, alguns em fim de contrato (face à singularidade dos casos de Diogo Costa e Fábio Viera, os casos de Corona e Mbemba saltam à evidência como os mais problemáticos) e outros, com contrato mas com legítimas expectativas de sair deixando dinheiro no clube, a ter que retomar a rotina do Olival-Dragão até Janeiro, pelo menos.
E a saltar do banco ou da bancada para o 11, metendo o pé. Como não pode deixar de ser, nem Sérgio Conceição permitirá que não aconteça.
O "fair-play" financeiro da UEFA não é um problema imediato para o clube, tendo em conta o previsível saldo positivo de 30 milhões nas contas da SAD que constará do próximo Relatório e Contas. Mas o inverno terá que ser rigoroso em termos de liquidez na tesouraria e aí, dificilmente poderemos fechar os olhos a negócios, ainda que menos bons. Se é certo que teremos que vender, saibamos preparar as vendas, competentemente, até lá.
Compete também aos jogadores com mercado, assumir a responsabilidade de - à semelhança de tantos outros no passado (Brahimi, Herrera, Maxi, Marega, por exemplo) que nunca tiraram o pé, mesmo sabendo que estariam na sua derradeira época no clube - manter a cabeça no "fair-stay" desportivo.
Não pode haver complacência com a falta de compromisso com os objectivos desportivos da equipa. Um jogador não serve só para fazer ou varrer balneários e cada gota de suor, cada lance disputado, cada cabeça no sítio é mais do que bem-vinda. É um imperativo.
Sporting não se lembra de duvidar
A preparação para o clássico de Alvalade prossegue, mas fazendo contas a horas, dias e viagens, Sérgio Conceição só poderá contar com Pepe, Diogo Costa e Otávio a partir da próxima quinta-feira, após a longa viagem de Portugal ao Azerbaijão. Dois dias para integrar três titulares, numa ideia de jogo certamente já bem mais do que encontrada e que, até pelo empate do Sporting em Famalicão, terá que ambicionar a vitória no sábado.
Num jogo de tripla, a afirmação do FC Porto campeão pode ser, em caso de vitória, mais do que uma crença ou uma legítima expectativa pelo legado. Derrotar o campeão em título na sua própria casa, vale muito mais do que 3 pontos. Não há pontuação para o campeonato das dúvidas mas é o momento para o FC Porto as instalar no Sporting. Um Sporting, consistente, que já não se lembra de duvidar de si.