PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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A semana trouxe duas notícias surpreendentes, uma filha da outra: a saída de Boa Alma e a entrada de Rogério Matias para o seu lugar. O casamento do primeiro com o Vitória terminou ainda na lua-de-mel.
Normalmente estas saídas são explicadas com um clássico "razões de ordem pessoal", cuja tradução é: "não queremos que se saibam as razões". Não desta vez. O Vitória assumiu que o divórcio teve na base "divergências ideológicas e de gestão".
Só que a explicação, que se saúda, levanta logo um sem número de questões. A começar pela que está na cabeça de todos: como é que alguém vem trabalhar para um cargo destes e não está, gestionária e ideologicamente alinhado com quem o contrata? Assim, a explicação dada, sem mais, leva a especulações sobre o que em concreto se terá passado.
Mas se a saída foi surpreendente, a identidade do substituto não o foi menos. Lendo o que se vai escrevendo por aí, percebe-se que a escolha foi criticada por alguns pelas piores razões. Rogério Matias é benfiquista? E qual é o problema? Alguém achava que o seu antecessor era vitoriano desde pequenino? O que interessa é a competência e tudo o resto é profissionalismo e mais nada.
Outros foram repescar umas declarações passadas do agora Diretor, como se isso alguma vez tivesse sido impedimento para as pessoas chegarem a Guimarães e defenderem as nossas cores com todo o empenho, chamem-se eles Pedro Azenha ou Sérgio Conceição.
A tónica deve ser posta, isso sim, no perfil e na competência. E aí há dúvidas fundadas. Porque a substituição é feita entre alguém que tinha um determinado percurso e perfil por outro que tem um perfil bem diferente. Desde logo porque não tem, que se saiba, qualquer experiência de dirigismo a este nível.
Aqui chegados, é tempo de dar ao Rogério Matias toda a confiança, todo o apoio e todo o estímulo para que ele consiga dissipar as dúvidas que se foram colocando. Ninguém mais do que António Miguel Cardoso quer que a vida lhe corra bem. Se o escolheu, foi porque viu nele as características necessárias para o exercício do cargo. Há que confiar e dar espaço e tranquilidade.