HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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Dragões da cartola
Se não sabes como o teu adversário joga, mais difícil se torna pará-lo. Anulá-lo. Porque, mesmo que jogue menos bem, o plano de jogo tende a cair por terra. É certo que a aposta em Veron obedece à matriz de pensamento de Sérgio Conceição: por muito talentoso ou explosivo que seja, jogador que chega tem de atravessar um período longo de desenvolvimento em laboratório. Para se adaptar às dinâmicas da equipa e depois render. Sem hiatos.
O crescimento das segundas linhas foi um dos segredos do título portista da temporada passada. Os benefícios são, sobretudo, dois: deixarem de ser segundas linhas e tornarem o bloco mais homogéneo; e proporcionarem à equipa o tal efeito "coelho da cartola": redobrar o trabalho ao técnico contrário.
Com Grujic a pisar novos terrenos e a ser decisivo nos dois primeiros golos - condicionamento da transição ofensiva adversária e convicto passe longo - a colocação de Veron na zona central deu velocidade, nova mobilidade (propensão para diagonais) e até aquela frieza na altura da definição rápida. O "7" chegou, esperou e venceu.
Taremi sempre a postos
Frente ao Arouca, houve jogadores que estiveram em destaque: para além do crescimento e maior confiança de João Mário pelo lado direito, as funções mais ofensivas e refinadas de Uribe foram determinantes na obtenção do quarto golo. Ora, por falar em jogador refinado, Mehdi Taremi voltou a estar em evidência: três golos e uma perfeita articulação com uma nova dinâmica da equipa que o colocou mais próximo de zonas de criação e de finalização. Oportuno e muito determinado na altura do tiro, todas as ações de Taremi obedecem a um pensamento prévio que fazem com que nada saia daqueles pés ao acaso. Um jogador diferenciado.
Romário Baró na equipa ideal
Romário Baró rumou a sul e encontrou na formação do Casa Pia o cenário ideal para crescer sendo que, no caso, crescimento é uma consequência da estabilidade. Frente ao Portimonense, foi um dos principais artífices do jogo ofensivo da equipa, com toda a confiança para pedir a bola e aparecer de forma madura em zonas de finalização. Quer no meio quer pela faixa percebeu-se que pode fazer melhor em termos de definição mas a sua subida de rendimento é notória e é mérito do trabalho efetuado no Casa Pia: aos 16" avançou determinado e o seu remate pronto quase deu golo. Contribuiu de forma decisiva para uma segunda parte de excelente nível.
Dario Essugo, o bom sôfrego
Manchou a pintura já nos momentos finais, quando uma entrada despropositada sobre Holsgrove deitou tudo a perder. Ou talvez não porque, valha a verdade, tal apenas vai causar um pequeno interregno num processo de desenvolvimento em que tem tudo a seu favor: arcaboiço físico para se impor nos duelos, critério na circulação de bola e muita eficácia a parar as transições adversárias, isto para além de capacidade de tiro: aquele golaço no europeu de sub-17 frente à França ficou na memória. Seja como for ainda é "sôfrego" na abordagem ao jogo e a falta de maturidade causou-lhe um pequeno revés. Nada de grave, porém. Não perdeu a confiança do técnico.
Diogo Gonçalves no Copenhaga
Atuou como extremo mas foi como lateral-direito, e muito por mérito de Jorge Jesus, que Diogo Gonçalves conseguiu ter os seus melhores tempos no Benfica: rápido, hábil na decisão e jogando dentro e fora, esperava-se mais. Vai ser na Dinamarca opção mais regular e dar espaço a novas segundas linhas (mais jovens) no Benfica.