HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes
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Lá para os lados de Lisboa há uma equipa que não se governa mas também não se deixa governar. Ou, por outras palavras, há um Benfica que não domina em pleno e que vale, sobretudo, pela forma como condiciona e espartilha os seus adversários. Elimino-te logo existo.Objetivos são objetivos e o resto são cantigas: Supertaça, apuramento para a Liga dos Campeões e um início de liga cumpridor. Sem sofrer golos. Um meio-campo definido para a asfixia rápida do adversário – Enzo e Rios – num bolo de equipa agressiva. De combate. Mas sem perfume.
Feita a leitura, até foi o Estrela da Amadora a criar mais dificuldades aos encarnados: como será o Benfica quando tiver de encontrar soluções fora da caixa? Mais criativas? Porque não há turma equilibrada sem o miúdo reguila. É que, no meio dos tubarões e dos clássicos, há os blocos baixos que dão uma trabalheira caso não haja desequilíbrio individual.
8 Leandro Barreiro: útil
Numa eliminatória em que Bruno Lage não quis desfazer o seu tridente de betão, o papel de Leandro Barreiro foi decisivo: pressão à dianteira não deixando o adversário pensar desde trás: circulação medida e bem perto de Amrabat; e uma interpretação do jogo/estabilidade emocional que o tornam muito útil mesmo que, na prática, os requisitos técnicos não o coloquem no lote dos imprescindíveis. Assistência inteligente para o golo. Missão cumprida.
6 Serginho: falta de tarimba
O Santa Clara foi coeso, paciente e inteligente na abordagem ao jogo mas a falta de tarimba tem destas coisas: é o passe que não entra ou o cruzamento que surge um segundo depois que condicionam uma qualificação para a Liga das Conferências que não era uma utopia. O médio Serginho, na sua função de transportador e acelerador do jogo, mostrou utilidade assinalável num jogo onde não se podia falhar nos momentos decisivos. Foi por aí.
7 Luís Esteves: bom reforço
Não se pode pedir a Luís Esteves que seja o novo “Fujimoto” mas, verdade seja dita, nada como um jogador experiente para responder afirmativamente às necessidades da equipa. Com muito critério nos pés, rasgou a defesa do Moreirense com o passe que isolou Pablo Felipe no golo inaugural. Começou a todo o gás na Choupana e adquiriu rótulo de titular indiscutível fruto dessa boa combinação de maturidade e salpicos adequados de desequilíbrio.