VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Se o adepto mandasse não haveria crise de ansiedade que assomasse à vista. Tudo se decidiria num abrir e piscar de olhos, mas com antecedência mínima de uma época.
Para espantos só os bons, como aqueles reservados para o dia da apresentação do plantel aos sócios, surpresas que escasseiam no futebol moderno onde já não há espaço para urgências de última hora apresentadas como boas-novas. Longe vão os tempos em que o comum dos adeptos esperava por saber se determinado jogador apareceria ou não no dia da apresentação.
Nada se decide sem marketing, sem comunicação oficial e oficiosa, sem que antes algo transpire das habituais fontes para os frequentes cântaros. É parte da magia que desaparece, e é muito desespero a acontecer. Porque não sendo na hora, para o adepto é sempre tarde demais se não for a tempo.
À medida que os dias passam sem reforços, inverte-se o adágio e só contam os que já cá não estão. Ainda a carpir a saída de Fábio Vieira, já conformados com a partida de Vitinha, o Dragão olha tão atentamente para a folha salarial como o depauperamento do meio-campo quando aparecem os falcões por Otávio. Enquanto Evanilson é retido (e bem) como uma joia de coroa, Marchesín deve sentir-se a dançar entre os postes no momento de um "penalty" perante o seu futuro intimamente ligado ao destino de Diogo Costa. Taremi olha para mais uma ou duas épocas atento à data de nascimento no seu cartão de cidadão, enquanto Pepe nem quer saber da idade (e percebe-se bem porquê). Uribe entra no último ano de contrato com 31 primaveras e, peça fundamental para a próxima época, parece ser um daqueles casos que augura longevidade na carreira mas que o FC Porto terá que segurar se não o quiser ver a acionar a "slot-machine" de escolhas livres em Janeiro de 2023. No mercado por centrais, médios e um ala, o FC Porto tem questões internas a resolver que, a curto e médio prazo, auguram corações sobressaltados em cada um dos portistas.
Os próximos dias serão portadores de definições com a pequena folga que o encaixe financeiro de Luis Díaz, Fábio Vieira e (possivelmente) Vitinha, permite. Mais importante do que olhar para o cais de embarque é saber quem pode fazer a diferença no terminal de chegadas. Os jogadores passam, mas deixam marcas. Se o FC Porto foi outro (e não necessariamente pior) depois da saída de Luis Díaz, eis mais uma prova de sobrevivência e acerto nas mãos das escolhas próximas. Substituir Vitinha e Fábio Vieira é tarefa árdua. Se juntarmos Otávio à equação, escolham o rosto do ciclope.