A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Entre o 80 (quando esmagava na Europa sob a batuta de Guardiola e o génio de Messi) e o 8 (da equipa classificada de fofinha pelos "aziados" de quarta-feira), há um ponto onde cabe o tubarão com plantel avaliado em mais do dobro do nosso, com jogadores como Ter Stegen, Piqué, de Jong, Busquets, Pedri, Depay, Ansu Fati e mais uns tantos que o espaço aqui me impede de elencar. Amigos, ignorem os "aziados": foi uma noite europeia à antiga!
2 - Fui para o estádio com esperanças fundadas na excelente primeira parte de Guimarães. Depois, com o fantástico apoio de 30 mil que mais pareciam 60 mil, a equipa, plena de solidariedade e compromisso, inspirada, competitiva, fisicamente no ponto, esteve soberba a defender e letal a concretizar. "Ganhei um jogo, não ganhei mais nada" - explicou, com apropriado acerto, Jorge Jesus. Permito-me discordar: no espaço de quatro dias, com duas claríssimas vitórias nos jogos mais difíceis que teve na Liga e na Champions, Jesus pode ter ganho mais do que três pontos - pode ter ganho o élan para uma época de fazer esquecer as enormes frustrações das últimas.
3 - Quando se fala na importante montra da Champions, é isto: exibirmo-nos ao mais alto nível contra um adversário de topo perante o atento olhar de dezenas de observadores enviados pelos mais poderosos clubes europeus. O que não terão valorizado na noite de quarta Lucas Veríssimo, Rafa, Darwin...
4 - "Se não fazem o que é pedido, não estou aqui a fazer nada" - lamentou-se Sérgio Conceição. A vergonhosa (foi o adjetivo que utilizou) derrota sofrida perante o Liverpool não foi se não a confirmação de outras duas (0-5 em 2018 e 1-4 em 2019) contra o mesmo adversário, no mesmo palco. Será a mensagem de Sérgio Conceição suficiente para, ao menos por uma vez, evitar ser goleado em casa pela equipa de Klopp? A resposta foi dada pelo próprio quando se queixou das míseras nove faltas feitas pelos seus jogadores - queria que se tivessem comportado como os das equipas pequenas (por si tão criticadas) quando defrontam o FC Porto. Foram apenas fofinhos.
5 - É a maior falácia dos muitos (e irrefutáveis!) lugares-comuns do nosso futebol - refiro-me à apregoada juventude da equipa do Sporting, que tem, cumpridas duas rondas do segundo mais fraco grupo da Champions, duas derrotas, um golo marcado, seis sofridos. Com involuntária oportunidade, veio o último Weekly Post do CIES desmentir a atoarda: esta época, até à data, os jogadores utilizados pelo Sporting têm uma média de 26,82 anos, os do Ajax 26,37 e os do Dortmund 25,65. E mais: no mesmo período, a percentagem de minutos jogados por jovens sub-21 foi de 8,7% no Sporting, 20,6% no Ajax e 13,3% no Dortmund. Têm é sido demasiado fofinhos.
6 - A menos que o entendimento do exercício do cargo seja o mesmo de Luís Filipe Vieira - "Eu é que fui eleito, logo eu quero, posso e mando!" -, as listas apresentadas esta semana por Rui Costa foram uma deceção, ou porventura pior: uma oportunidade perdida.