A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Ainda o Benfica não anunciou (oficialmente) a contratação do novo treinador, ainda a época corre, se bem que célere, para o final, e já as capas dos jornais associaram ao clube para cima de vinte jogadores que vão fazer parte da "revolução" exigida - sabem eles - pelo modelo de jogo de Roger Schmidt.
Estas especulações, próprias de uma silly season antecipada, têm ao menos a excêntrica utilidade de passamos a saber o nome e os dados técnicos de um sem fim de craques de que desconhecíamos a existência.
2 Com a época há muito perdida, foi preciso chegar à última jornada da Liga para vermos algumas jovens promessas da formação a jogar na equipa principal. O mais irónico de tudo isto é que a equipa foi dirigida desde o final do ano passado pelo até aí treinador da equipa B - e será a ele que a história creditará o lançamento para a ribalta de nomes como os de Henrique Araújo, Tiago Gouveia, Tomás Araújo, Sandro Cruz, Martim Neto ou Diego Moreira.
3 Desde que o CA é dirigido por Fontelas Gomes - que, confidenciou-nos voz amiga, aufere um vencimento chorudo, bem acima de ministro -, os árbitros readquiriram o indesejado estatuto de "influencers" de lances, de resultados e de títulos. Se o governo tomou a iniciativa de legislar sobre a centralização dos direitos televisivos, matéria que, pela (minha) lógica económica, deveria pertencer ao mercado, será que não é hora de esse mesmo governo tomar medidas que coloquem a arbitragem, mais a justiça e a disciplina, na tutela de organismos profissionalizados e independentes da FPF e da Liga?
4 Nas dezenas de anos que leva de profissional do treino, jamais Jorge Jesus granjeou fama de com ética nortear as relações com os seus pares. Não obstante, aquilo que o "mestre da tática" foi fazer ao Rio de Janeiro foi abaixo de tudo o que se podia imaginar - foi, inclusive, abaixo de cão. (A desfaçatez levou-o ainda a chamar a si elogios de Guardiola dirigidos a Rui Vitória.) Para quem tanto se gaba de ter o raro privilégio de poder escolher os clubes que quer treinar, estamos conversados sobre o homem que em 11 épocas ao mais alto nível no nosso país ganhou três campeonatos e uma Taça de Portuga