PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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O sonho de um Vitória europeu continua a não passar disso: de um sonho. Um caminho que se queria longo, mas que foi interrompido à nascença, contra um adversário ao nosso alcance.
Independentemente das peripécias da primeira mão, esta eliminatória começou a ser perdida no momento em que o árbitro apitou para o início da segunda partida. Porque o que percebemos logo foi que o Vitória iria adotar uma postura expectante, especulando com o jogo, tentando jogar com a magra vantagem que trazia.
Ora, se nos queremos mesmo aproximar dos lugares de topo, temos de ter a mentalidade de uma equipa ganhadora. E uma equipa ganhadora teria caído imediatamente em cima do adversário, com todas as forças. Teria sufocado o oponente, demonstrando na prática a tal superioridade teórica que sabemos que tinha. E teria querido arrumar com o assunto rapidamente. Não se viu nada disso.
A acrescer, pudemos assistir ao vivo e a cores aos equívocos que marcam esta nova época. Uma equipa viciada a jogar pelo meio do terreno, em que os médios trocam sucessivamente a bola entre si, mas sem progressão; em que os laterais também preferem zonas interiores em vez de darem largura à equipa e em que as alternativas à dupla atacante que iniciou o jogo ou não existem, ou ainda não chegaram ou não foram trabalhadas.
Finalmente, preocupante mesmo foi a falta de confiança patente em praticamente todos os jogadores. Ninguém arriscava nada, ninguém tentava quebrar as linhas adversárias, toda a gente parecia preocupada em encontrar o colega mais próximo a quem dar a bola, preferencialmente para trás e para o lado. A exceção mesmo foi Nélson da Luz que quando escapava para o seu habitat natural (a faixa) arriscou partir para cima do adversário e conseguiu criar vários lances perigosos. Mas foi só ele.
Quanto aos reforços, dos que já cá estão e jogaram, é ainda cedo para sentenças definitivas, sendo que nenhum se destacou pela positiva do resto da equipa. Faltam, evidentemente jogar e chegar outros que colmatem as brechas que se notam neste edifício em construção.
E agora? A resposta é paradoxalmente fácil. Agora só há um caminho: trabalhar mais e melhor. Esta derrota deixará marcas, mas ao menos que sirva para tirar lições que orientem o longo trajeto que temos para percorrer. E para início de conversa, esse trabalho tem que começar pela confiança com que se entra e se está em campo.