CARA E COROA - Um artigo de opinião de Jorge Maia.
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Rúben Amorim resumiu ontem de forma clara a exigência do período que arranca agora para os candidatos ao título: "uma sequência em que há pouco tempo para treinar e em que a melhor preparação para o jogo seguinte é ganhar o anterior".
Depois da pausa para os compromissos das seleções, a época entra em velocidade de cruzeiro, com os jogos a sucederem-se a uma média de um a cada quatro dias para as equipas envolvidas nas competições europeias, por sinal o quarteto que disputa olhos nos olhos o título de campeão e, por tabela, o único acesso direto aos milhões da Champions.
Antes da próxima paragem, em meados de outubro, há duas rondas europeias para disputar e, sobretudo, um clássico, na Luz, entre Benfica e FC Porto. Por sinal, um duelo que antecede dois dos desafios teoricamente mais complicados da fase de grupos da Liga dos Campeões para ambas as equipas: os encarnados deslocam-se a Milão quatro dias depois para enfrentar o Inter e o FC Porto recebe o Barcelona no Dragão 24 horas mais tarde.
Claro que um clássico à sétima jornada está longe de ser um jogo decisivo, desde logo considerando as posições relativas das duas equipas na classificação atual. Mas, até recordando as palavras de Rúben Amorim, não há como ignorar a importância que jogo terá, desde logo em termos anímicos para ambas as equipas e, sobretudo, considerando a necessidade de voltarem a responder ao mais alto nível logo a seguir na Liga dos Campeões.
De resto, ainda está bem presente o impacto que a vitória do FC Porto na Luz na última temporada teve na receção dos encarnados precisamente ao Inter logo a seguir e a forma como acabou por resultar na pior sequência de resultados da equipa de Roger Schmidt na corrida pelo título. Na altura, a vantagem acumulada pelos encarnados foi decisiva para absorver o impacto desse período menos bom. O contexto atual é diferente, desde logo pela fase inicial da temporada em que a partida se vai disputar, mas os clássicos são sempre mais iguais do que os outros jogos, o que torna particularmente importante para ambas as equipas não perder mais pontos até lá. Para o FC Porto, em particular, manter a vantagem mínima que regista atualmente pode ser decisivo para equilibrar a pressão com que vai entrar no jogo, seja pelo fator casa, favorável aos encarnados, seja pelo risco de sofrer o segundo desaire consecutivo frente ao Benfica depois da derrota na Supertaça, com todo o impacto que esse cenário teria nas convicções da equipa a médio prazo.
Para os encarnados, a questão coloca-se ao contrário: capitalizar a vitória na Supertaça para exorcizar de vez o trauma nos jogos com os portistas, especialmente na Luz, ultrapassar um rival direto na luta pelo título e, sobretudo, evitar que a diferença para o Sporting aumente, até porque em novembro há um dérbi marcado com os leões.