A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Tomámos esta semana conhecimento de mais uma - a enésima! - derrota do Conselho de Disciplina: o Juízo Criminal de Lisboa anulou mais um jogo de castigo à porta fechada (e a correspondente multa de 60 mil euros) em tempos aplicado ao Benfica.
Se as contas me não falham - fi-las há não muito tempo, mas podem já pecar por defeito -, nos últimos anos aquele órgão da FPF sentenciou que o Benfica jogasse sem adeptos nas bancadas do seu estádio por 17 vezes - um campeonato inteiro! Como não observo na nossa casa as tarjas injuriosas que são exibidas no Dragão nem a chuva de tochas que em Alvalade é, volta não volta, lançada para o relvado (coitado do Rui Patrício, lembram-se?), pergunto, dado que nenhum destes estádios é alvo de tão severas punições por parte dos senhores conselheiros: se isto não é perseguição, o que é que é perseguição?
2 Há muito que sabemos que os emails exibidos no Porto Canal eram parte da correspondência ilegítima e criminosamente roubada ao Benfica. Como se isto não fosse grave o suficiente, tivemos nos últimos dias mais uma confirmação de que esses emails foram maldosamente manipulados, falseados e descontextualizados antes de constituírem, a seu tempo, o prato forte da programação semanal do canal controlado pelo FC Porto. O que por estes dias mais me vai incomodando é a desavergonhada hipocrisia de alguns dos órgãos de comunicação social que acéfala e oportunisticamente surfaram a onda do Porto Canal e surgem agora, quais arautos da ética no jornalismo, a explicar como é que a trapaça foi feita. Que o Benfica vá, se necessário para lá do fim do mundo, até garantir que toda esta gente pague, mas pague com língua de palmo, pelo mal que fez, pelos prejuízos que causou, pelas humilhações que fez passar - ao clube e aos seus milhões de adeptos.
3 Roger Schmidt sabe, e, se não sabe, fica a saber que se quer ser campeão pelo Benfica precisa de pôr a equipa a jogar o triplo - não há outra forma de superar as arbitragens adversas, a disciplina persecutória e o jogo sujo de alguns dos nossos adversários. A velha máxima de Mário Wilson está, é facto, virada do avesso: quem treinar o Benfica arrisca-se a não ser campeão.