Se fosse a eleições hoje, Rui Costa esmagaria qualquer adversário, Vieira incluído
A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - A melhor avaliação que se pode fazer do mandato de Rui Costa é esta: a ter lugar hoje a eleição, receberia uma votação ainda mais expressiva - e esmagaria qualquer adversário, Luís Filipe Vieira incluído.
Em apenas um ano, devolveu ao clube muito dos seus valores fundamentais; fez a transição de poder de forma eficaz e pacífica num quadro particularmente difícil; apesar da enorme popularidade, dispensou o culto da personalidade; trabalhou muito e falou pouco; inverteu as prioridades do seu antecessor e colocou o projeto desportivo à frente do projeto financeiro; reforçou as modalidades e viu-as vencerem inúmeros títulos dentro e fora de portas; enfim, abraçou - é este o termo - todos os benfiquistas e uniu-os, orgulhosos, à sua volta.
Cometeu e vai cometer erros? Como todos, mas, estou certo, vai sempre decidir em função, e só em função, dos superiores interesses do clube. Os benfiquistas estão-lhe, portanto, gratos, e mais gratos lhe ficarão se implementar, sem hesitar, o processo de renovação do clube, caminho único para o sucesso continuado.
2 - Assisti ao jogo de quarta-feira nas bancadas do Parque dos Príncipes, participando na fantástica onda vermelha que invadiu Paris - a mesma que vai tomando conta de todos os lugares onde o onze de Roger Schmidt se apresenta para jogar -, ao ponto de adeptos franceses terem constatado, desgostosos e revoltados, que "3 mil pessoas criaram mais ambiente do que 38 mil". Do jogo, disputado no difícil campo de um tubarão do futebol europeu, destaco a (nova) mentalidade competitiva da equipa - passados 40 anos, cheira a Sven-Goran Eriksson. Que os resultados sejam, então, como os de 1982-83.
3 - Portugal acabara de perder com a Espanha e lá longe, na Califórnia, Marcelo Rebelo de Sousa não perdeu tempo para fazer considerações várias sobre o jogo e mandar "um grande abraço" ao selecionador. Curiosamente, a um presidente que fala a propósito de tudo e de nada, em todo e qualquer lugar ou ocasião, continuamos sem se lhe ouvir palavra sobre a polémica relação contratual entre a Femacosa, de Fernando Santos, e a FPF, instituição de utilidade pública cujo orçamento é financiado em larga medida por dinheiros dos nossos impostos.
Calados se mantêm também, num silêncio que não é de ouro, António Costa, o ministro da tutela, o secretário de estado do Desporto, e - coisa impensável até no reino do delírio - Fernando Gomes e Fernando Santos.