PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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1 A semana passada, os vitorianos tiveram fortes razões para se indignarem com a atitude da equipa de arbitragem que apitou o jogo com o Benfica, VAR à cabeça.
Mas, como tudo na vida, quando achamos que estamos mal, há sempre ao lado quem esteja pior. Foi o que aconteceu no jogo que opôs o Marítimo ao Casa Pia, onde um penálti absolutamente inacreditável foi assinalado.
Vemos as imagens vezes e vezes sem conta e perguntamos: como foi possível? Pela parte que me toca, continuo a achar que o VAR foi uma importante inovação que encurtou significativamente o erro arbitral. Mas quando vemos lances destes serem assinalados com a complacência ou mesmo a intervenção direta do VAR, percebemos que há que parar para pensar.
Por regra, dou o benefício da dúvida aos árbitros quando decidem. Têm que o fazer no momento, altamente pressionados, sem repetições, às vezes com obstáculos no seu ângulo de visão. Não é tarefa fácil. E é por não ser tarefa fácil que existe o VAR. Esse, ao contrário do árbitro de campo, tem tempo para decidir, tem as repetições que quiser e não tem sequer a pressão dos jogadores, treinadores, dirigentes ou adeptos. Não há, por isso, qualquer desculpa para o VAR cometer os erros grosseiros a que assistimos no fim de semana passado. E quando isso acontece, têm que existir castigos exemplares. A impunidade não pode grassar e é intolerável que um VAR pense que pode tomar uma decisão absurda sem que isso lhe acarrete pesadas consequências. Para além disso, urge viabilizar a proposta que em tempos foi apresentada pelo Sporting e que já está em prática noutros países: as conversas entre o árbitro principal e o VAR têm de passar a ser públicas.
2 Em cima de tudo isto, esta semana brindou-nos ainda com outro espetáculo deplorável: as instâncias da justiça desportiva a não corrigirem as asneiras das equipas de arbitragem. E assim vemos o desgraçado do jogador do Marítimo a ser castigado quando nada fez para o merecer. E ainda pudemos ler uma decisão verdadeiramente contrafactual do CD da Federação que penaliza o nosso treinador de guarda-redes Douglas quando as imagens mostram que o árbitro pura e simplesmente inventou o que se passou no relvado. Alguém tem mesmo que fazer alguma coisa. Porque se errar é humano, persistir no erro é burrice.