Saídas de Vitinha, Fábio e Mbemba obrigam a encarar os primeiros jogos com um 11 de menor qualidade
VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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Pensar numa equipa titular com o que existe à disposição é a realidade-norma que impera nos dias de qualquer treinador. A escolha não pode deixar de equacionar o trabalho diário que informa e reforça as decisões a tomar no fim de semana. Quem não construiu um plantel, uma verdadeira equipa com sentido colectivo e de grupo, apaixonada, solidária e comprometida, pode eleger casuisticamente e por impulso, arriscando vencer hoje para, seguramente, perder amanhã.
O exemplo maior são aqueles jogadores que chegam e entram directamente na equipa. Aí, falam mais alto os nomes e os interesses, as influências internas ou externas, amarrando-se uma equipa ao precipício. Nenhum balneário se constrói e sobrevive muito tempo sem justiça. A não ser que ganhe sempre. O que, sabemos, é uma impossibilidade.
À medida que se aproxima o primeiro jogo oficial da temporada frente ao Tondela, é inevitável olhar para os que cá estão e pensar num 11 para o jogo da Supertaça que se projecte para os primeiros compromissos da Liga, onde teremos um clássico à 3ª jornada (FC Porto-Sporting). Com o único verdadeiro reforço, David Carmo, impossibilitado, por castigo, de dar o seu contributo nos dois primeiros jogos da época e sendo certo que - com Sérgio Conceição - qualquer reforço que no entretanto chegue não ganhará a titularidade por decreto, estamos forçados a conviver com um início de época em "downsizing".
Por mais optimista que qualquer adepto seja, as saídas de Vitinha, Fábio Vieira e Mbemba obrigam a encarar os primeiros jogos da época com um 11 de menor qualidade. Não necessariamente menos competitivo, porque haverá muitos jogadores a querer mostrar serviço. Mas com menos qualidade. Há um tempo certo para reforços. As razões que muito contribuíram para uma não entrada na Liga dos Campeões com eliminação no "play-off" frente ao Krasnodar, não nos podem custar agora uma entrada em falso na nova época.
As exigências de mais um central, de um "box-to-box" e de um ala com peso específico, são evidentes. A 20 dias da estreia oficial e a uma semana mais da estreia na Liga, adivinha-se que nenhum deles dará um contributo, muito menos decisivo, para o que se costuma apelidar de "entrar com o pé direito". Convocar a necessidade de uma entrada a pés juntos, por necessidade, aquela do antes quebrar que torcer, é algo angustiante. Todos sabemos da segurança que se sente com o molde de anos consecutivos de Sérgio Conceição. Mas o que parece suficiente, facilmente pode resvalar para um quase lá. Tiro ao alvo. Saibamos, rapidamente, apontar e disparar certeiro.