A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
Corpo do artigo
1 - Se fosse fácil acertar na escolha de um treinador, Pinto da Costa, o mais infalível dos presidentes, não tinha "despedido" o bicampeão Vítor Pereira para ter que passar por Paulo Fonseca, Luís Castro, Julen Lopetegui, José Peseiro e Nuno Espírito Santo até encontrar em Sérgio Conceição, que nem sequer era a primeira escolha, a solução que colocou um ponto final em quatro épocas de absoluto jejum de títulos.
Pep Guardiola: "Treinadores como Roger Schmidt são muito bons para o futebol. Gosto da maneira como as suas equipas jogam: é boa para os fãs e para os que amam o futebol"
E o inexperiente Frederico Varandas escusava de ter tentado o sucesso com Tiago Fernandes, Marcel Keizer, Leonel Pontes e Jorge Silas até cometer a "loucura" - como a apelidaram muitos sportinguistas - de investir dez milhões de euros em Rúben Amorim, para que este interrompesse, por fim, a mais longa e penosa travessia do deserto da centenária história do clube.
2 - Ao invés de seguir, como no passado recente, a intuição do seu presidente, a SAD encarnada desencadeou um processo de seleção para a escolha do treinador. Definidos e ponderados um conjunto de fatores, sem esquecer, obviamente, a vertente financeira (caso contrário Guardiola ou Klopp seriam as utópicas escolhas), Rui Costa avançou célere em direção a Roger Schmidt - o primeiro da lista.
Ao fazê-lo, assumiu - não há como negá-lo - uma aposta de alto risco, contratando um técnico cujo inegociável modelo de jogo vai contra a corrente dominante na nossa liga. Passo a palavra a Mario Götze: "Pressão alta, defender o mais à frente possível, jogar o mais alto possível no meio-campo adversário. O Roger Schmidt é ainda mais radical nisso do que o Pep Guardiola."
3 - O confronto entre uma escola conservadora, a nossa, que privilegia estratégias resultadistas, e outra mais moderna, a alemã, de alta intensidade e voracidade ofensiva, vai ser um dos grandes atrativos da época que está à beira de arrancar. Phil Jackson explicou, a seu tempo, que os ataques ganham jogos e as defesas campeonatos - ora eu desejo, e desejo ardentemente, que Roger Schmidt, como Bruno Lage em 2018-19, demonstre que a máxima do mítico treinador da NBA não faz lei no (nosso) futebol. Porque é preferível ganhar por 4-2 do que por 2-0. A bem dos que amam o futebol.