HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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E em cada rosto igualdade. A mensagem de Rúben Amorim tem sempre um propósito: proteger o grupo. Ora, se dizem que os bons comunicadores são aqueles que jogam com a energia das palavras e a colocam a seu favor, o treinador do Sporting faz inveja a muitos diretores de comunicação. Preparado em conferência de imprensa para uma questão sobre Cristiano Ronaldo, Amorim mostrou que tinha a lição bem estudada: mudar a direção da mensagem, pois o que interessa é o Matheus Nunes, que recusou uma pipa de massa para ficar connosco. Tal como Porro, que disse não ao Sevilha. Manter os craques, pois o bom grupo vale mais do que o incógnito saco de notas.
Porque quando fica um, ficam todos. E o todo sempre mais importante que a parte, como aconteceu aquando do afastamento de Slimani. Mas um todo aberto para captar jovens talentos, que no Sporting podem ter a sua oportunidade a nível sénior. Daí os estímulos a Dário Essugo, Rodrigo Ribeiro e a tantos outros talentos por este país fora indecisos entre leões, dragões e águias. E o que será o Sporting de futuro sem o seu notável comunicador?
Ryoya Ogawa: eficácia japonesa
Menos exuberante do que no jogo da primeira mão mas ainda assim com bons episódios para contar, como aquele cruzamento aos 68" que quase deu o golo a Anderson Silva. O japonês Ogawa, reforço do Vitória para esta temporada, ainda falta ser colocado à prova em jogos de maior dimensão mas, para já, critério e capacidade técnica são palavras a ter em conta, isto a tomar pelas duas performances frente ao Puskás Akadémia. Num corredor esquerdo que parece talhado para alimentar o miolo e garantir a consistência da posse de bola, o jogador japonês ganha pontos meritórios e suscita curiosidade assinalável para o arranque da temporada.
Jan Vertonghen: revolução faz mossa
É um Benfica diferente, com outra capacidade em termos de reação à perda e, sobretudo, com jogadores que outrora eram indiscutíveis e hoje parecem perder gás nas contas iniciais. Vertonghen - que na temporada passada foi o autor do brilhante passe que originou o golo de Darwin em Alvalade - tem sido um desses casos: jogando com a defesa mais subida e necessitando de centrais com outra capacidade de recuperação e interpretação do risco coletivo, o central belga parece algo descontextualizado das ideias de Roger Schmidt. Neste cenário também se compreende a necessidade de se fortalecer a baliza com um guarda-redes mais hábil a sair em profundidade.
André Franco: magia com 11 letras
Para se escrever André Franco ou Fábio Vieira são necessárias onze letras mas há um aspeto bem mais interessante que une ambos os jogadores: a qualidade de decisão no último terço. Atributo que traz pensamento fora da caixa e aquele toque de caos controlado no jogo. Seja como for, a cobiça generalizada em torno de Franco é justificável pelo facto de ser um jogador diferenciado, dotado de virtuosismo em todos os seus gestos técnicos e apto a jogar quer pela faixa (para dentro em diagonal) ou então numa zona mais central. Em destaque na pré-temporada do Estoril, consolida também o seu papel de exímio batedor de grandes penalidades.
A saga do camisola da juventude
Explodiu na temporada passada ao serviço do Gil Vicente, de tal forma que o Atlético de Madrid recrutou os seus serviços. O extremo Samuel Lino, um dos melhores jovens da temporada passada, segue para Valência com o desafio de se afirmar e não perder minutos de jogo. Em Barcelos, Madrid ou Valência, o talento continua lá.