A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Vejo jogar o Manchester United e dá-me vontade de perguntar a Fernando Santos porque é que o Bruno Fernandes não joga sempre, e não joga sempre como em Inglaterra, na Seleção. E vejo um Pedro Gonçalves letal com qualquer bola que lhe chegue aos pés, na área ou nas imediações dela, e sinto necessidade de me dirigir outra vez ao selecionador nacional: nem um mísero minutinho para "Pote" no Euro?
Espera-se agora que o treinador do Benfica seja criativo o suficiente para que a equipa apresente em Eindhoven assoluções que se lhe não descortinaram na Luz
2 - Desde o dia em que fui saber como funcionam as linhas do fora de jogo que deixei de considerar como garantidamente bons os juízos que elas suportam. Havendo intervenção humana - na escolha do "frame" e na definição dos pontos para colocação das linhas -, o resultado final pode sair com erro. Pior: pode até ser sorrateiramente desvirtuado a coberto de uma tecnologia apresentada como infalível. A bem da credibilidade do VAR, tratem lá, e de preferência rapidamente, de introduzir uma margem de segurança (Infantino sugeriu 30 centímetros), ou de engrossar as linhas (como em Inglaterra), para que não fiquem dúvidas quando vemos validar um golo por dois centímetros ou anular outro (que dava um irreversível empate ao Famalicão) por 21.
3 - Não se deve elogiar o bom resultado com o PSV sem olhar às insuficiências da exibição: enormes dificuldades em sair da primeira zona de pressão dos holandeses, uma estranha incapacidade para ter posse de bola e, ainda, a perda anormalmente grande de lances divididos. Vlachodimos foi obrigado a estirar-se em quatro ou cinco salvadoras ocasiões - e, é facto, está lá para isso - e registaram-se, também, prometedores apontamentos na organização defensiva da equipa - o maior dos problemas da época passada -, com o jovem Morato a dar uma excelente resposta na estreia a um nível tão elevado, bem fazendo por merecer os elogios que Jorge Jesus lhe dispensou.
4 - Espera-se agora que o treinador português do Benfica seja criativo o suficiente para que a equipa apresente em Eindhoven as soluções que se lhe não descortinaram na Luz; e, para que os jogadores soltem todo o seu bom futebol, ao presidente, conhecedor do balneário como ninguém, que saiba tirar-lhes da cabeça o peso da responsabilidade de uma indesejada eliminação. É só - e não é pouco! Como pouco não será se o Benfica fizer de novo ao PSV o que tem continuadamente feito em todos os seis jogos disputados na época: dois golos.
5 - Assisto a mais uma rábula do jogador que em cima da meta alguém (o Benfica, claro) tentou desviar do FC Porto e logo me lembro da última vez que uma cena destas tinha subido ao palco do Dragão - nessa ocasião, o papel de oportuno "troféu de caça" foi desempenhado por Nakajima. (Ainda bem que o nobre caráter do japonês recusou as aliciantes propostas de última hora que para inglês ver lhe fizeram chegar.) Só não me lembro já qual a razão que originou dessa vez a encenação - a desta semana, arrisco vaticinar, foi a pública reprimenda que (um irado) Sérgio Conceição descarregou sobre Luís Gonçalves.
6 - Depois de recusar à Sampdoria a contratualizada percentagem da mais-valia da transferência de Bruno Fernandes para o Manchester United com o argumento de que o jogador, mesmo continuando a exibir-se em Alvalade, havia rescindido com o clube após os acontecimentos de Alcochete, pasmo quando tomo conhecimento de que o Sporting, fazendo tábua rasa da sua "jurisprudência", remete para os tribunais a questão de João Mário ter assinado pelo Benfica com contrato rescindido com o Inter. Pouco lhes importa que o que está em causa é uma ilegal (e para muitos escravizante) cláusula anti rivais. Os clubes (que se dizem) diferentes são assim.