A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Marchesín, distanciado há meses das lides futebolísticas nacionais, explicou, esta semana, que os jogos do seu ex-clube com o Benfica são uma guerra, para a qual - e isto já sou eu a dizer - cada um vai com as armas com que se sente mais à vontade.
Assim que pisou o relvado do Dragão, Schmidt dirigiu-se ao banco do FC Porto (quando manda a praxe que seja o inverso) para cumprimentar, de forma simpática e cordata, o seu oponente.
De um lado, antes que o jogo começasse, vimos vídeos e tarjas, com intimidações, ofensas e insultos; do outro, vimos um treinador que assim que pisou o relvado do Dragão se dirigiu ao banco do FC Porto (quando manda a praxe que seja o inverso) para cumprimentar, de forma simpática e cordata, o seu oponente.
Com esta postura, com esta educação, com este fair-play, começou a ganhar o clássico de sexta-feira. Que o seu exemplo possa fazer escola no (tão maltratado) futebol português.
2 - Se levassem em conta a quantidade de jogos que o Benfica acabou em inferioridade numérica em casa do FC Porto nas últimas décadas, tantas vezes com juízos exagerados ou até errados por parte das equipas de arbitragem, não estariam os adeptos portistas revoltados com o duplo amarelo mostrado a Eustáquio - mais a mais porque João Pinheiro esteve irrepreensível em ambas as decisões. E ainda ficou a nosso crédito um vermelho por mostrar a Otávio por agressão a Gonçalo Ramos - quem sabe Tiago Martins, à cata de uma qualquer moeda de 5 cêntimos na Cidade do Futebol, tenha deixado escapar o gesto à margem das leis do quezilento capitão portista.
Uma bola tirada dentro da baliza por Diogo Costa leva-nos à questão: para quando a tecnologia de linha de golo em Portugal?
3 - Dos últimos quatro golos marcados pelo Benfica ao FC Porto, três foram anulados pelo VAR - o último por míseros dois centímetros, com frame inacreditavelmente mal escolhido. De modo que cheguei a temer que o golo de Rafa - o segundo que em quatro jogos para a Liga valeu uma vitória no Dragão - tivesse o mesmo nefasto destino dos outros três. As repetições, porém, logo me sossegaram: frame algum seria capaz de colocar Grimaldo fora de jogo naquele lance capital. Mais tarde no jogo, aos 90'+2', uma bola tirada dentro da baliza por Diogo Costa conduziu-nos à inevitável questão: para quando a tecnologia de linha de golo em Portugal?
4 - No final, Roger Schmidt, com a indiferença própria de quem veio de fora, e em profundo contraste com o seu opositor, concluiu, tranquilo e sereno, que "aproveitámos a expulsão para controlar melhor o jogo. A atmosfera era complicada e não foi um jogo bonito, mas ganhámos os três pontos, que é o que conta, e merecemos." E eu acrescento: com orgulho muito nosso.