VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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1 À medida que se aproxima a ideia do pontapé de saída, qualquer adepto coleciona sinais. Não-há-mas-nem-meio-mas. Não há nada. Nada senão sinais e peças soltas que pouco mais indicam do que o privilégio da futurologia.
As comparações com os adversários, a dimensão e capacidade previsível dos reforços, os orçamentos que não esticam e os poços de petróleo estranhamente plantados algures, as saídas de que se fala, o regresso aos treinos, o primeiro jogo à porta fechada, os indicadores de investimento e os nomes, os muitos nomes na Comunicação Social.
Os dias passam e 22 de julho é dia de apronto algarvio frente ao Cardiff. Antes, a 19, o Portimonense. A 25, o reencontro com Lopetegui frente aos Wolves. Dia 8 de agosto, ilumina-se a competição, joga-se a Supertaça e contam-se os dias.
2 A possibilidade de Otávio rumar à Arábia Saudita não permite nenhum grau de conforto para um plantel que perdeu Uribe. Sejamos claros sobre o que o mercado entrega numa eventual saída de Otávio: ou um pote financeiro que nos permita reforçar o meio-campo com eficácia indesmentível e estrondo ou a perda indiscutível de um dínamo e GPS de transmissão.
A importância de Otávio no FC Porto não está empolada ou sobrestimada. Se ninguém é insubstituível, também é verdade que continuam a haver imprescindíveis. Otávio, nesta fase, é um deles. Numa eventual saída, o tempo urge para concretizar alvos previamente identificados.
3 O FC Porto, no último exercício, cumpriu a meta estabelecida pelo Comité de Controlo Financeiro da UEFA relativamente ao Fair Play financeiro. Essa é uma boa notícia que ultrapassa os cuidados paliativos. É impossível pensar que o FC Porto não tenha que vender jogadores para atingir equilíbrios, como acontece com qualquer clube que não viva encostado a poços de petróleo ou à especulação bruta.
A boa notícia que chega da UEFA (que não poupou Barcelona, Manchester United, Trabzonspor, Antuérpia ou Anderlecht, por exemplo) é mesmo uma boa notícia. Mas que não convém emoldurar. A linha de horizonte é visível mas nublada e a próxima época trará definições indiscutíveis perante os diferentes graus de acesso às provas europeias. Cada vez mais, só o campeão sobrevive. Que sejamos nós a chegar à frente. Que ninguém subestime a importância da época que agora começa. Poderá ser a época mais definidora de futuro de que há memória e escrever em pedra boa parte do sucesso desportivo da década.