APITADELAS - Um artigo de opinião de Jorge Coroado.
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Se uma andorinha não faz a primavera, de igual modo uma arbitragem menos conseguida não personifica todo um grupo, porém as incidências que a cada jornada vão inçando os estádios, mais se assemelham às cores tristes dos rigores de outonos/invernos das décadas de 1960 e 1970.
Decisões menos bem decididas pelos árbitros admitem, exigem, compreensão, no entanto, com o surgimento do VAR, tal benesse diluiu-se e a perpetuação de erros que a ferramenta se propunha ajudar erradicar, mais que evidenciar a impreparação, quiçá ineptidão dos executores, possui a onerosa particularidade de colocar a descoberto a manifesta quanto significativa falência do sistema dirigente, também organizativo, formativo, avaliativo e classificativo do setor.
O erro perpetrado pelo árbitro no decorrer do jogo, condicionado por inúmeros fatores suscetíveis de causar perturbação ou menor concentração, logra obter margem de aceitação dadas as circunstâncias em que ocorre. O mesmo não sucede com o "artista" do VAR, contudo não se afirma correto inculcar no operador da ferramenta o odioso do erro porquanto o decisor único é sempre o árbitro.
No que tange a operacionalidade do VAR, torna-se incompreensível que filiados despromovidos de categoria (Bruno Esteves, Luís Ferreira, Vasco Santos), por não preencherem requisitos para a função, sejam ou tenham sido cooptados para ali desempenharem funções, mas como não são só estes, por manifesta distração ou, o mais certo, confirmada indestreza a malsinarem lances de claro e óbvio erro, reconheça-se a ineficiência dos responsáveis mitigada por expressas louvaminhas nos corredores dos gabinetes, perante quem sendo gestor, da matéria age como adepto.
Igualdade?
Com frequência, tropeça-se em expressões, quais mea culpa, de apego às tendências da moda, blasonando assunção da igualdade de género, defesa da diversidade, etc. Corresponderão as palavras à prática? Futebol feminino é exemplo. A seleção obtém resultados honrosos e uma ou outra equipa de clube segue-lhe os passos, não obstante, existe manifesto preconceito dirigente relativamente às competições do género. Atente-se na retribuição dos árbitros na AF Lisboa. Dirigir um jogo sénior masculino da 1ª divisão vale € 54,00. Igual categoria feminina só justifica € 20,00. Igualdade?
Assédio
A propósito do propalado assédio no futebol feminino, recordo facto verídico ocorrido nos primórdios (anos 1970) da categoria na AF Lisboa. Jogo em Torres Vedras. Após sofrer falta, a capitã da casa ficou no solo contorcendo-se. Árbitro, não propriamente dado a meiguices com género feminino, fez o que habitualmente fazia nos jogos masculinos, solícito, colocou mão no interior da coxa da jogadora, indagando-a se queria assistência. Num ápice, a torrejana, mulher bem constituída, levantou-se e afinfou gancho qual "knock out" no "pobrezinho". "Assédio?" Resolvido, jogo terminado!