PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro.
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A pergunta é: o que esperamos desta época de 2022/23, que se iniciou este fim de semana? Esta pergunta é algo traiçoeira.
O termo "esperar" tanto pode significar "desejar" como "prever" ou "fazer uma previsão sobre algo". Por isso, o que espero como adepto da modalidade e como adepto do SC Braga são coisas distintas.
Como adepto do SC Braga, o termo "esperar" surge com o significado de "desejar": neste sentido, para o SC Braga, espero que esta época de 22/23 traga títulos - quem sabe, o título de campeão nacional -, mais adeptos no estádio, uma liga europa a chegar às fases finais, etc... E para o campeonato, espero uma liga mais competitiva, com alternâncias nos primeiros lugares, estádios cheios, muito fair play e arbitragens sem polémicas.
Mas, despindo a veste de adepto do SC Braga, e emprestando ao termo "esperar" o sentido de "prever", as coisas não ficam tão otimistas. Na verdade, prevejo um campeonato quase igual aos anteriores: os três clubes habituais irão combater entre si pelo primeiro lugar da Liga e o SC Braga, cada vez mais um crónico 4º classificado, irá cimentar esta sua posição, esperando que um dos ditos grandes tenha deslizes, que as coisas não lhe corram bem, para que, desta forma, possa atingir um dos lugares do pódio do futebol português. Na Liga Europa, prevejo que a fase de grupos seja superada e que, com um pouco de sorte, possamos atingir os quartos-de-final. Mas, no global, o campeonato não será nem mais competitivo, nem terá mais adeptos nos estádios. Pedro Proença anunciou esta semana que estes objetivos (maior competitividade e mais adeptos nos estádios) seriam uma prioridade na ação da Liga.
Mas, para lá das boas intenções do dirigente da LPFP, existem variáveis que podem comprometer estes desideratos: desde logo, a mais do que provável recessão económica que o país (e a Europa) atravessará a partir de setembro deste ano irá remeter a grande maioria dos adeptos para uma lógica de poupança, sendo que os gastos com o futebol, neste contexto, surgem como custos familiares supérfluos. Além disso, a resistência em implementar políticas para a criação de adeptos locais (adeptos do clube da terra) dificilmente alterará a situação de estádios semi-vazios na maioria dos jogos da nossa Liga. E estou certo de que continuarão a existir polémicas nas arbitragens (VAR incluído), pois estas sempre foram o bode expiatório perfeito para os ditos grandes atribuírem as culpas dos seus falhanços. É isto o nosso futebol. Mas, apesar disto tudo, apesar destas previsões mais pessimistas, ansiava muito pelo começo da Liga, pois eu adoro este jogo. E o meu clube também.