PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro
Corpo do artigo
1 - Pensar “fora da caixa” tornou-se uma expressão tão repetida que quase perdeu a frescura - mas o conceito por trás dela continua a ser ouro para as organizações. Trata-se da capacidade de olhar para um problema por ângulos improváveis, de propor soluções que escapam ao manual e desafiar o status quo. Num mundo onde a mudança é constante e a concorrência feroz, empresas, instituições e até administrações públicas procuram cada vez mais este perfil: mentes criativas, inquietas e, sobretudo, dispostas a arriscar. O impacto de integrar estes “pensadores divergentes” é inegável. São catalisadores de inovação, capazes de desbloquear impasses e abrir caminho a novas oportunidades. Trazem velocidade em processos criativos e podem transformar ideias improváveis em estratégias de sucesso. Mas esta moeda tem duas faces.
Quem pensa fora da caixa também pode tropeçar nos limites da organização
Quem pensa fora da caixa também pode tropeçar nos limites da organização, gerar conflitos, em casos extremos, criar ruturas difíceis de gerir. Apostar em pessoas assim exige mais do que contratá-las - implica criar um ecossistema onde a ousadia não seja punida e onde a criatividade não descambe para a anarquia. Porque, afinal, fora da caixa há espaço para voar… mas também para se perder. Jogar sem defesas laterais, ou colocar defesas laterais em zonas interiores do campo, prescindir de alas, trocar movimentações ou colocar médios defensivos a fazer golos. Carlos Vicens parece ser um treinador “fora da caixa”, com a missão de transformar a nossa forma de olhar e perceber a tática no futebol moderno. Toda a jogada que antecede e que culmina no primeiro golo do jogo de quinta-feira, contra os romenos do Cluj, tem a marca de água deste tipo de abordagem polifuncional do jogo, onde cada jogador pode assumir mais do que uma função tática, de forma quase espontânea. Trata-se de uma mudança de paradigma, como escrevi na minha crónica anterior, mas que, para já, ainda que sem o brilhantismo que todos desejaríamos, está a garantir resultados positivos, que é, afinal, o objetivo final do jogo: ganhar.
2 - Inicia-se este fim de semana a longa maratona da liga portuguesa. É a liga mais cara de sempre, com as transferências a bater o recorde de 276,74 M€. O SC Braga também atingiu o seu recorde histórico de gastos com transferências, num total de 28,57 M€, ainda assim, bem longe dos três crónicos candidatos. Mas a surpresa, para mim, é a aposta do nosso vizinho Famalicão, a despender 13,30 M€. A esperança é que estes gastos se traduzam em aumento de qualidade e competitividade na luta pelos lugares cimeiros da liga. “Alea iacta est”