PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro
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A primeira sensação que tive quando comecei a ver o jogo de quinta-feira, contra os búlgaros do Levski Sófia, foi a de uma certa recordação nostálgica. Vi-me regressar aos finais dos anos 70, a assistir a um jogo entre duas equipas do antigo bloco soviético. Aquele estádio em estilo olímpico, sem coberturas, carregado de adeptos monocolores e ruidosos, com carros, ambulâncias e pessoas não identificadas a ocuparem os vastos espaços que mediavam entre o relvado e as bancadas e, claro, um relvado muito irregular e tosco, que ainda deve ser cortado manualmente com aquelas velhas tesouras de jardinagem. Pensei até retirar a cor da minha televisão, transformá-la num daqueles aparelhos a preto e branco, para que a minha experiência regressiva fosse real e imersiva.
A exigência do calendário não deixa margens para grandes experiências
Quanto ao jogo, bem, foi fraquito. Carlos Vicens optou por uma equipa cautelosa e, de certa forma, defensiva. Percebo a sua opção, ainda para mais num relvado que não deixava grandes margens para a criatividade e para a posse de bola de qualidade. Interessava, acima de tudo, não sofrer golos e trazer a resolução do jogo para casa, e isso foi conseguido sem grandes sobressaltos num jogo que ainda parecia de pré-época. De qualquer forma, o jogo trouxe ao de cima algo que já se sabia antes do seu início: que o SC Braga tem uma equipa com mais talento, mais qualidade e mais inteligência do que a búlgara, equipa esta que vale mais pela sua entrega e alguma raça. Mas que temos a obrigação de passar a eliminatória, disso não existem dúvidas.
E estou mesmo convencido de que iremos passar. Dos reforços, foram utilizados dois: Lagerbielke e Dorgeles. Os dois estiveram em bom nível. O primeiro, um central polivalente, com boas movimentações e com rapidez de movimentos, ainda que, por vezes, parecesse algo ansioso. Já Dorgeles promete, principalmente quando se aventura com movimentações interiores rápidas e inesperadas. Tem grande qualidade de condução de bola e joga de cabeça levantada. O plantel ainda está em construção, a encontrar-se com ele próprio, mas a exigência do calendário não deixa margens para grandes experiências, pois a frieza dos resultados é que decide o destino das equipas (e dos treinadores). Estamos ainda no início de uma longa caminhada. “The long and winding road” que será esta época 2025/26…