Se tivermos de escolher entre boas exibições e bons resultados, todos nós optamos pela segunda hipótese
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O Sporting de Braga atravessa um ciclo de vitórias que, à primeira vista, poderia ser lido como sinal de uma equipa já madura, pronta a atacar os objetivos da temporada sem grandes sobressaltos. No entanto, tanto o duelo frente ao Tondela, para o campeonato, como o jogo com o Lincoln Red Imps, na Liga Europa, vieram confirmar que os resultados estão a chegar antes das exibições. É uma equipa que vence, sim, que mostra os atributos da coesão, da solidariedade, da entrega e do talento, que são necessários para as vitórias, mas que ainda procura a sua identidade plena dentro das quatro linhas. Curiosamente, tanto jogadores como treinador não escondem essa sensação de que a máquina ainda está longe de carburar a cem por cento. O discurso tem sido coerente: reconhecem a importância dos triunfos, sobretudo num arranque de temporada em que a confiança se constrói ponto a ponto, mas admitem que o caminho ainda é de afinação. A ideia de jogo está a ser absorvida, as dinâmicas entre setores ainda carecem de automatismos e a consistência precisa de ganhar lastro.
Por isso, as fragilidades que ainda se vislumbram, mesmo em jogos com adversários menos competitivos, podem, a qualquer momento, comprometer este ciclo vitorioso, pelo que urge perceber de que forma se poderá atacar estas fraqueza: perdas de bola em zonas sensíveis, maus inícios de jogo, alguma previsibilidade no ataque posicional e momentos de desconcentração defensiva que podem custar caro perante um adversário mais eficaz, ataques pouco verticais e até alguma ansiedade quando o golo tarda.
O que sobra, por agora, é um balanço positivo: vitórias que alimentam o moral, tempo para corrigir lacunas e a convicção de que, mantendo a senda de resultados, será mais fácil crescer enquanto equipa. No fundo, este Braga soma pontos e garante presença europeia, mas sabe que o desafio maior está em transformar resultados sofridos em exibições mais sólidas, que garantam a consistência e a continuidade dos bons resultados. É esse o próximo passo de um coletivo em processo, sendo certo que, apesar de tudo, se tivermos de escolher entre boas exibições e bons resultados, com vitórias, todos nós optamos pela segunda hipótese.