A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Pensar o futebol é colocar o mais antigo presidente do futebol português em exercício a ser entrevistado pelo seu diretor de comunicação, para que, desta forma, sem o mais elementar e salutar contraditório, mande umas bicadas que lançam o obrigatório sorriso amarelo numa plateia abrilhantada pelo principal promotor da iniciativa?
Está explicada a razão pela qual, por mais "summits" que se organizem, o futebol português não tem por onde mudar.
2 Kökcü não precisou de ir ao "summit" de Proença para concluir que "os pequenos clubes neerlandeses jogam de forma mais aberta". Uma lição para os ideólogos da centralização: os neerlandeses, cuja receita centralizada não passa de míseros 90 M€ por época, jogam um futebol positivo - e é dessa forma que têm subido aceleradamente no ranking europeu. Curiosamente, foi Vítor Murta, presidente do Boavista, que no "summit" deu a involuntária, mas certeiríssima, definição de como aqui se olha para o jogo: "Ai o Taremi simula! E qual é o problema? Está lá a fazer o papel dele..."
3 Sei que as penas suspensas nos dão a amarga sensação de que o crime compensa, contudo, amigos, a condenação de Rui Pinto a quatro anos de prisão, por violação de correspondência, acesso ilegítimo e tentativa de extorsão, deve ser vista como uma vingança que jamais algum benfiquista - na terra ou no céu! - pode deixar de vitoriar.
4 Por considerar normal a unânime excitação que tomou conta do país após a vitória por 9-0 sobre o Luxemburgo é que me vieram à memória os muitos comentadores que nos criticaram por termos despachado, em 2018-19, o Nacional por 10-0: como é que não tínhamos tirado o pé do acelerador; porque não tínhamos respeitado o adversário; ai a competitividade da Liga; enfim, é o diabo sempre que o Benfica goleia!
5 Para Vizela, a curiosidade maior era saber como se apresentava o Benfica depois da paragem para as seleções. A equipa entrou muito bem no jogo, de tal modo que a primeira parte não teve história - e cumprimos com aquela máxima que defende que antes da Champions os jogos são para resolver cedo. Porém, tantos golos fomos falhando - guardaram-nos para quarta-feira? - que o penálti que deu o 1-2 ao Vizela nos deixou pendurados até ao apito final de Luís Godinho, cujo trabalho me pareceu ter deixado bastante a desejar. Não deu foi para ver como defende Trubin, só como joga com os pés: bem!
6 Depois do Bayern e Barcelona (21-22) e do PSG e Juventus (22-23), o Benfica não tem esta época assim tantas razões de queixa do sorteio da Champions. Todavia, cuidado, muito cuidado: trata-se de um grupo equilibradíssimo, no qual o Benfica apresenta o terceiro plantel mais valioso e o segundo posto em termos de ranking da UEFA. Arrancar com uma vitória em casa na quarta-feira é mais do que importante, é fundamental!