PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Um dos primeiros jogos de que tenho memória é um Vitória-Aston Villa. Diz-me a internet que foi a 14 de setembro de 1983, pelo que tinha então 8 anos. O Vitória ganhou por um-zero, golo de penálti de Gregório Freixo. A segunda mão foi cruel connosco, vergados a cinco golos sem resposta.
Creio que essa terá sido a primeira participação europeia do Vitória no meu tempo de vida. Depois dela, outras se foram sucedendo, umas com memórias maravilhosas (a campanha de 86/87; as vitórias sobre a Real Sociedad ou o Wisla Cracóvia; ou a inesquecível eliminação do Parma) e outras de que nem é bom lembrar.
Dito isto, a afirmação do "Vitória europeu" nunca chegou a acontecer. Salvo um curto período no final dos anos 90, nunca conseguimos ser uma presença regular "lá fora" e quando lá fomos (com exceção do tal ano de Marinho Peres) a nossa presença foi tão curta como discreta.
Uma das razões para isso acontecer tem a ver com a própria dinâmica das competições europeias. Para uma equipa estar na UEFA e conseguir em simultâneo ter sucesso internamente é preciso um arcaboiço competitivo a que nunca chegamos.
Daí que o Vitória ande muitas vezes, ano sim, ano não, a chegar à UEFA e daí que as épocas europeias coincidam frequentemente com más épocas internas. Numa delas o Vitória até desceu de divisão, veneno que outros emblemas também já provaram.
Quem lê o que acabo de escrever até pode sentir-se tentado a achar que nem se devia tentar lá estar. Nada disso, como é evidente. A participação europeia tem de ser sempre o nosso objetivo, pois apesar dos tais riscos, só ela permitirá que o Vitória dê o salto competitivo que o faça subir o degrau para o qual olhamos de longe há demasiados anos.
Por isso, é evidente que o Vitória tinha de assegurar os requisitos legais para poder participar na próxima época (caso se consiga apurar) percebendo-se o esforço da direção feito esta semana nesse sentido. Sabemos que esse objetivo está também dependente de terceiros. Sabemos que, caso o consigamos atingir, vamos ter de atravessar uma via-sacra no início da próxima época. Mas é assim que tem de ser.