VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes
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Que ninguém fuja à responsabilidade do jogo desta tarde. O jogo em Arouca é mais importante do que aquele que se joga com o Sporting na próxima semana. E não é difícil explicar porquê.
Desde logo, porque perder pontos antes de um jogo decisivo e encolher a atual vantagem de 6 para o Sporting (partido do princípio de que os leões vencem, hoje à noite em Alvalade, o Famalicão) seria um sinal de desconfiança ao espelho para um FC Porto que viu partir Luis Díaz e que dele se lembrou, a espaços, frente ao Marítimo na jornada anterior.
Se o jogo com os insulares foi o primeiro de muitos sem o colombiano, convém que não acabem todos com ataques de saudades. Estamos autorizados a ter saudades da excelência de Díaz mas só no fim da época. Perder pontos antes de um clássico que pode decidir o título é convocar, desnecessariamente, o fio da navalha para os dias seguintes.
Depois, o exercício da pressão absoluta. Diminuir a vantagem sobre o Sporting, retira a estes a pressão extrema de não poderem perder no Dragão. A eventuais 4 ou 3 pontos do FC Porto, os leões bem podem perder o clássico que não haverá alma que pré-encomende as faixas. Esse alívio de pressão para o Sporting, daqui a uma semana, funcionaria como se o FC Porto quisesse atirar um "joker" pela janela fora, quase a chegar à reta da meta, só para manter o "suspense". O objetivo não é sequer destrunfar, quanto mais. O filme é outro e conta estrear, nos Aliados, em Maio. O jogo do título é em Arouca.
Não será fácil. O Arouca só conseguiu 3 vitórias em 9 jogos em casa (Boavista, Tondela e Famalicão) mas arrecadou 5 pontos nos dois últimos dois jogos fora de portas (Famalicão e Estoril). Em casa, dividiu a segunda parte e discutiu o resultado com o Sporting (1-2) e perdeu com o Benfica (0-2) com o segundo golo das águias a ser marcado nos descontos, após as ter submetido a intensa pressão. A derrota estrondosa com o Braga, no fim do ano que passou, com três golos em cada parte (0-6) foi uma daquelas noites de réveillon que só acontecem uma vez na vida. O FC Porto contará consigo e não chamará reforços: nem Galeno, nem Eustáquio ou Rúben Semedo estarão aptos. Hoje, só um Dragão comprometido com a maiúscula no seu nome poderá vencer e, ato contínuo, assistir ao jogo de Alvalade no sofá com a almofada certa: a de 9 pontos à condição.
É evidente, basta somar e subtrair. Mesmo que o FC Porto saia do jogo de hoje com os três pontos, basta que o Sporting ganhe no Dragão para recomeçar a morder os calcanhares. Mesmo que empate, 6 pontos não encerram contas a tantas jornadas do fim. Mas para que o jogo do Dragão possa ser o "jogo do título", aquele que pode aumentar para 9 a diferença e compassar a respiração com certezas, o jogo de hoje, às 18h00, quando a noite começa a cair em Arouca e o 30º título brilha, é onde se joga o título.