PLANETA DO FUTEBOL - Uma análise de Luís Freitas Lobo
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Como já não o podia decidir no campo, de fora a aquecer há longo tempo, Cristiano Ronaldo decidiu tornar-se protagonista sem entrar.
Como ser protagonista dum jogo sem ter entrado um minuto
Perto do fim, em vez de jogar curtos instantes, regressou lentamente ao balneário. Sabia que, então, as câmaras iam segui-lo nesse espetáculo particular. Conseguia assim ser a principal imagem num jogo em que, em campo, o Manchester vencia o forte Tottenham. Surrealmente intencional.
O que ganha Ronaldo com esta atitude além desse foco de atenção? Reacender o debate sobre a sua não utilização, a relação com o treinador, o seu valor nesta fase de carreira ou, pior, questionar o comportamento enquanto profissional. Nenhuma destas perspetivas é positiva nem o ajuda.
Tentou sair no início, imaginando um mercado que já não tem, e falhou a pré-época. Num jogador de 37 anos tal compromete toda condição física. Tem sido demasiado evidente. Se podia jogar mais vezes? Acho que sim. Se devia? Quase sempre não. O que devia era, tendo ficado em Manchester, ver, nesta época atípica, estes primeiros meses como a sua pré-época para jogar o mais importante dela: o Mundial. Na seleção, tem uma proteção especial que não o expõe ao aquecimento e fuga de Manchester. Não pode é jogar com o prestígio e a imagem da carreira de profissional exemplar desta forma.