PLANETA DO FUTEBOL - Uma análise de Luís Freitas Lobo
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O campeonato das 30 jornadas mais quatro começa agora. A fronteira é feita pelas iniciais disputadas com mercado aberto (e equipas incompletas) e o fecho deste. A definição clara das equipas é, essencialmente, feita a partir de agora. O Sporting incorpora novas individualidades para reforçar a ideia já expressa por Rui Borges (a começar na mudança de sistema preferencial). Há a questão-Quenda como principal “elemento infiltrado” para perturbar as escolhas tranquilas do treinador. Será impossível continuar a vê-lo como um “jogador de banco” com Catamo a não provocar os desequilíbrios necessários (apesar de garantir os equilíbrios requeridos neste sistema, para já inegociável como aposta).
O FC Porto tem, apesar de ser o único a mudar de treinador, o modelo mais definido e operacional (agora, dependerá da utilização mais certa das diferentes características das peças/jogadores). Samu ou De Jong não é só uma questão de nº9 (muda desde a forma de combinar no ataque até ao poder de início de pressão sobre o adversário na frente). Mora, por sua vez, deixou de ser problema tático. Já se percebeu como poderá entrar e como está a crescer.
Como será relação Aursnes-Sudakov-Lekebakio?
O Benfica é o que pode mudar mais nas principais ideias de jogo para o seu último terço ofensivo. Não vejo como tão claro o assumir que Lage irá meter Sudakov como nº10 atrás do ponta-de-lança. Em tese, seria o mais natural, mas seguindo os passos da sua ideia de jogo já demonstrada (mesmo desde a época passada), penso que a opção não é assim tão evidente.
Não é só pela questão de Barreiro como médio de pressão mais adiantado ou pela opção mais ofensiva (em jogos internos de ataque continuado) dos dois pontas-de-lança Pavlidis-Ivanovic que abriu a época. Ambas as opções foram de sucesso dentro das estratégias de cada jogo.
Vejo a dúvida mais por onde encaixar Aursnes nesta nova forma de jogar num onze que também traz agora um extremo como Lukebakio. Sendo o seu flanco melhor o direito, passar Aursnes para a esquerda mexe muito com os equilíbrios de relação flanco-zona interior que taticamente faz este médio falso-ala. Por isso, mais difícil do que encaixar Sudakov é, no plano tático do modelo de jogo (seus princípios nos diferentes momentos do jogo), encaixar Aursnes fora da meia-direita.
Sudakov pode mesmo ser mais um nº8 livre do que o clássico nº10 (pensando este no futebol moderno). Não irá, no imediato, questionar Rios, mas se este momento de difícil adaptação do colombiano se mantiver e Lage quiser mesmo agarrar o meio-campo, sem perder poder ofensivo (continuo a pensar no plano do nosso campeonato), essa questão tático-individual colocar-se-á.
No fundo, tudo dependerá essencialmente de para onde irão evoluir os novos “upgrades” à ideia de jogo de Lage (após a “via sacra resultadista” de início de época).