A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
Corpo do artigo
1 No futebol, como na vida, há negócios bons e há negócios maus - porém, para um sem-fim de comentadores, os negócios do Benfica, vá-se lá saber porquê, são sempre maus.
Darwin, por exemplo, foi comprado por um valor exageradamente elevado, entendiam eles, e agora tudo fazem para provar que a segunda maior venda da história do futebol português foi, tal como diziam do jogador, um flop.
Culpa do Benfica, que vende alto como nenhum outro e tem ainda a desfaçatez de explicar tintim-por-tintim os valores das comissões de intermediação, do mecanismo de solidariedade e da percentagem da mais-valia que cabe ao clube anterior. Se fizesse como outros, que só quando os relatórios e contas são tornados públicos se fica a saber o resultado líquido de cada transferência, ter-nos-ia poupado a muitas contas televisivas malevolamente calculadas.
2 As transferências de Fábio Vieira e Vitinha, dados como firmes no plantel para 2022/23, não valem, juntas, a de Darwin; o passe de Fábio Vieira foi dado como garantia em operações de factoring, pelo que se desconhece que parte do dinheiro vai, de facto, chegar aos cofres da SAD; Pinto da Costa teima em garantir que os jogadores só saem pelas cláusulas de rescisão, mas a realidade teima em desmentir Pinto da Costa; e, para não ir mais longe, prescindo de listar aqui os craques que têm saído do clube, época após época, a custo zero - mas pergunto: são estes os negócios bons?
3 Lourenço Coelho, diretor-geral do "tetra", agora administrador da SAD, foi a primeira grande contratação de Rui Costa para 2022/23; seguiu-se Roger Schmidt, que, sendo uma aposta de risco, apresenta o perfil adequado para levar a cabo o profundo corte que o clube necessita fazer com o passado recente; os reforços, bons ou maus só o futuro dirá, vão paulatinamente sendo confirmados; estranhamente, mantenho-me preocupado: onde irão jogar André Almeida, Grimaldo, Pizzi, Taarabt e Seferovic?
4 Depois de uma época na qual o Benfica foi continuadamente penalizado por inacreditáveis decisões arbitrais e inadmissíveis juízos do VAR, vai sendo hora de serem dados a conhecer os "reforços" que vão lutar pelos mais elementares direitos do clube à verdade desportiva. Isto porque os benfiquistas, saturados de tanta passividade, não vão assistir impávidos a mais uma época com o clube "administrativamente" empurrado para o terceiro lugar.