APITADELAS - Uma opinião de Jorge Coroado
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Paulatinamente, a plataforma giratória - quando, nos tempos de então, um jogador arribado a um dos três principais emblemas nacionais se atrevia dizer ser um bom clube como promoção para um grande da Europa? - em que se transformou o futebol dito de alta competição por cá organizado, desde há cerca de duas décadas e meia que enveredou por adequada aproximação às organizações competitivas mais evoluídas do continente europeu.
Os delegados de hoje, são os árbitros do último quartel do século passado.
O Euro"2004 proporcionou a construção de novas infraestruturas, algumas pagas a peso de ouro pelo erário público. Antes, já a Liga havia adotado a figura dos delegados aos jogos. Apesar de elementos anónimos para o grande público, não obstante só serem recordados quando "inteligentes" e "educados" responsáveis deles precisam para fazer queixinhas de terceiros ou justificarem diatribes inaceitáveis, a implementação de tais agentes veio ajudar no acréscimo de ordem e disciplina em espaços interiores dos estádios, também, em algumas circunstâncias, como escudo protetor das equipas de arbitragem.
A panóplia de afazeres que lhes estão destinados obriga-os chegarem aos estádios muito antes do apito inicial e a abandonarem as instalações após saída dos árbitros. Tarefas administrativas e de fiscalização são-lhes incumbidas. A mais afável será conjugarem respetivo relatório com o do árbitro. Reportarem todas as incidências, verificarem condições de segurança, estado do relvado, disposição de publicidade, comportamento do público, usarem de sensatez e cordialidade com os elementos de ambas as equipas, não é fácil. A função que desempenham afirma-se importante, credibiliza a estrutura, porém a Liga mais parece ignorar que existem, que SÃO GENTE!
Dignidade
Independentemente das zonas e distâncias de onde se deslocam, os delegados não dispõem das regalias logísticas dos árbitros, tão pouco são compensados de forma adequada. Escalonados em três categorias: elite, principais e estagiários, Por jogo, os primeiros recebem € 350,00; os segundos € 300,00 e os últimos € 75,00 (só intervêm na Liga Sabseg). Todos sofrem retenção na fonte (25%). Caso o jogo tenha início antes das 20h00, não têm direito a pernoitar, quando se mostra necessário, o nível das unidades hoteleiras fica aquém da dignidade compatível com função.
Pagam para intervir
Os delegados de hoje, são os árbitros do último quartel do século passado. Pagam para intervir no espetáculo. O dispêndio (retenção na fonte, combustível, portagens, duas refeições, manutenção e conservação do transporte) por quem de Lisboa se desloca a Guimarães, resulta, admita-se, em manifesto prejuízo. As exigências que lhes são feitas incluem testes com periodicidade regular, impõem atenção e dedicação à organização. Pedir dispensa pode ser penalizado. Enfim, bem explorados, mas mal pagos, quiçá para pagar o corrupio de motoristas na presidência da Liga!